São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 2000


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TELEVISÃO

Tiazinha não mostra a manchete


TELMO MARTINO
Colunista da Folha

Essa Bandeirantes é um susto. Liga-se para ver a Tiazinha no que prometem ser suas novas aventuras e quem aparece é o Fernando Vanucci vestido de paulista. Nada de "alô você" nem do colorido de suas camisas Polo. Um paletó e uma gravata de nó grosso. Isso enquanto o Luciano do Vale não vem. Pobre Fernandinho e pobre Tiazinha. Sem máscara, chicote, Luciano Huck e as carnes da revista "Playboy", Tiazinha está irreconhecível.
Com a nudez coberta por um lençol e uma almofada vermelha no abraço, Tiazinha chama "Amor, meu amor, quer que eu tome banho com você?". Ela não é muito esperta. Custa a descobrir que está sozinha. Para isso ela tem que reviver uma anedota muito cansada.
Tiazinha desce até a recepção do hotel: "Como foi a primeira noite de núpcias?". Ela responde: "Foi boa, mas quando acordei, encontrei um bilhete do Rodrigo dizendo que ia comprar cigarros. Só que o Rodrigo não fuma". A recepcionista só quer saber quem vai pagar a conta do hotel. Não é romântica nem trouxa como sua hóspede de identidade que começa a se definir.
Para dar prosseguimento a uma sugestão de nudez nunca vista, Tiazinha vai tomar banho. Depois liga a Band e vê a recepcionista do hotel ainda mais agressiva porque está usando espanhol em sua falação. Em seus momentos de grande tensão, os personagens da história ganham contornos de desenho. Uma boa idéia. Tudo fica bem mais tolerante com um desenho animado.
Num esforço, Tiazinha pensa. Seus pensamentos não têm vida. São mostrados, portanto, em preto-e-branco. Mas Rodrigo fugiu com seu dinheiro e cartões de crédito. Como está em outro canal, Tiazinha nem pode pedir socorro ao Huck milionário. Tiazinha, é evidente, conheceu melhores programas.
Para piorar tudo, sua casa tem novos e hostis. "Volta aqui, sua ladra", grita a mulher do hotel, enquanto tudo vira desenho outra vez para ser pesadelo.
No dia seguinte, lá está o Vanucci outra vez. Com aquela gravata que tentou, mas não conseguiu imitar o nó do Pedro Malan, ele, além de paulista, só pode estar são-paulino. E a Tiazinha? Na pior; ela lembra que já tomou banho de leite de ovelha e agora não tem uma gota de nada. Por isso achou melhor entrar num sambinha do Noel Rosa e ter como cama uma folha de jornal. O problema é que a Tiazinha, por mais que se mexa, não mostra nunca a manchete.
Como não está fazendo frio, ela nem pode ser tradicional e vender alguns fósforos. Isso deu a alguém a idéia de transformar tudo em conto de fadas. Num estalo de dedos, surge uma garrafa de champanhe. Animada, Tiazinha vai pedir emprego num salão de beleza. Lá, ela redescobre seu famoso dom de depiladora. É só o Leonel Brizola acabar de se repetir, para a gente poder dizer adeus para sempre, Tiazinha.


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