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FESTIVAL DE TEATRO DE CURITIBA
Fringe atrai metade do público do evento
VALMIR SANTOS
enviado especial a Curitiba
Em seu terceiro ano consecutivo, a mostra paralela Fringe, que
já vinha surpreendendo em qualidade, também está pari passu
com a quantidade de público da
Mostra Oficial. Encerrado ontem,
o 9º Festival de Teatro de Curitiba
teve cerca de 80 mil espectadores,
segundo estimativa da organização -metade para a oficial e outros 40 mil para o Fringe (incluídos 250 participantes de oficinas
realizadas ao longo de 11 dias de
programação).
Foram encenadas 21 peças na
mostra principal e 44 na paralela.
Na conversa com os jornalistas,
sábado à tarde, os sócios da Calvin Entretenimento, empresa organizadora do festival, se debruçaram mais sobre as virtudes e vicissitudes do Fringe. "Vamos aumentar o número de espaços para
a mostra", promete Leandro
Knopfholz, 26, referindo-se aos 16
endereços. Houve excedente de
pelo menos 160 espetáculos inscritos de vários Estados, que não
puderam participar.
"Também vamos procurar espaços mais adequados", continua
Knopfholz. Palcos alternativos
mal equipados ou mal localizados
foram alvo de reclamações. "Não
bastasse o ônus de cada produção
em arcar com todas as despesas
(hospedagem, alimentação e
transporte), a organização ainda
nos oferece espaços que não são
exatamente teatros, com platéia
plana e longe do acesso do público", critica a atriz e coreógrafa Alice K., 42.
Ela levou para o Fringe o monólogo "Solitude", apresentado no
Canal da Música, bairro de Mercês, que possui três salas de audição conjugadas com 40 lugares
cada uma. Na montagem inspirada no teatro Nô -no qual silêncio é ouro-, Alice foi prejudicada pelo vazamento da trilha sonora das encenações vizinhas que
aconteciam no mesmo horário.
"Será que a organização não
percebe que quantidade não é
qualidade?", questiona Alice. Para
participar do Fringe, cada companhia paga R$ 50 (taxa diária, independente do número de sessões) e
arca com os demais custos, com
participação de 80% da bilheteria.
Na oficial, é convidada, recebe cachê e demais recursos para a
montagem.
O empresário Victor Aronis, 38,
que neste ano concentrou a organização, reconhece que o Canal
da Música apresentou problemas.
"A cidade ainda não o conhecia",
justifica a irregularidade de público. O ator paraibano Tavinho
Moura, por exemplo, cancelou as
demais sessões do monólogo
"Deus Somos Nós" porque não tinha "viva alma" na primeira apresentação, apesar de o público ter
aumentado, sobretudo na segunda semana, devido ao boca-a-boca.
Já a montagem carioca de "Pelo
Buraco da Fechadura" radicalizou ao não cobrar ingressos. A
panfletagem pela cidade chegou a
levar 70 pessoas numa das sessões, 30 a mais do que a capacidade da sala.
Uma das saídas para a concentração de espetáculos no Fringe
(foram 19 no sábado, por exemplo, a maioria com sessões às 18h
e 0h) é "soltar as amarras dos horários", diz Aronis, inclusive
avançando para a faixa da Mostra
Oficial, às 20h e 21h30.
O encenador Gerald Thomas,
44, diz sentir falta do debate de
idéias em Curitiba. "A gente chega, tem poucos dias para entrar
no palco... Entendo que o festival
não tenha dinheiro e "infra" para
manter pessoas em torno de debates, mas acho que o lucro seria
maior com as conferências. Tem
muita gente que quer se encontrar
e não consegue", afirma.
Segundo Aronis, uma tendência
deste ano foi a presença de grupos
estáveis com grandes elencos em
detrimento dos monólogos da
edição passada.
Para 2001, quando o festival
completa dez anos, a curadoria
seguirá priorizando estréias na
Mostra Oficial. Aronis acena, porém, com uma retrospectiva das
melhores montagens da década
(remontagens, no caso).
O jornalista Valmir Santos viaja a convite
do festival
Saiba mais sobre o Festival de Teatro de Curitiba na Internet em www.uol.com.br/fol
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