AMIR LABAKI
da Equipe de Articulistas

Um desconhecido e irresistível "thriller documentário", "One Day in September" (Um Dia em Setembro) de Kevin Macdonald, 31, bateu o hiperfavorito "Buena Vista Social Club" de Wim Wenders na maior surpresa do Oscar 2000. Produzido por Arthur Cohn, um dos co-produtores de "Central do Brasil" e arquipremiado pela Academia, "September" reconstitui o trágico ataque de oito terroristas palestinos à delegação de atletas israelenses na Vila Olímpica de Munique durante os jogos de 1972.
"Nosso objetivo era fazer talvez o primeiro "thriller documentário", disse MacDonald à Folha há dez dias. ""JFK", de Oliver Stone, foi um modelo estilístico". "One Day in September" é o único dos indicados ainda inédito no mercado americano e internacional.
Já Pedro Almodóvar fez valer seu favoritismo e recebeu de Antonio Banderas e Penélope Cruz o Oscar de melhor filme estrangeiro por "Tudo sobre Minha Mãe". Retribuiu em inglês satirizado por Billy Crystal ao beijo de Hollywood. Mas o Oscar já era dele.
A Academia procurou compensar com prêmios secundários a importantes títulos esnobados nas categorias principais. "Matrix" arrebatou três Oscar na área técnica (som, efeitos sonoros e efeitos visuais). Por sua vez, "Topsy-Turvy" de Mike Leigh, uma revisão da trajetória dos reis da opereta britânica do século 19, Gilbert e Sullivan, levou dois prêmios merecidos pelo figurino e pela maquiagem.
Nenhuma surpresa nos coadjuvantes premiados. Angelina Jolie eletriza até no trailer de "Garota, Interrompida". Michael Caine forjou um impecável sotaque americano para "Regras da Vida", de Lasse Hallström. Foi seu segundo Oscar de coadjuvante (vencera em 1986 por "Hannah e Suas Irmãs") e de longe o mais aplaudido até metade da festa.
Num ano particularmente medíocre na disputa entre canções, Phil Collins levou com facilidade seu Oscar com a bela "You'll Be in My Heart" do "Tarzan" de Disney. Boa canção de filme é a que se sai assobiando ao final. É exatamente o caso.


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