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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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GASTRONOMIA

Argentina é opção com alta de vinhos europeus

Caio Guatelli/Folha Imagem
Vila e Los Cardos (dir.), que custam menos de R$ 35


JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Vítimas, talvez, da conversão das moedas locais para o euro (que provocou um aumento de preços que deixou até os próprios europeus de cabelos em pé), do fortalecimento daquela divisa perante o dólar americano (que rege o preço dos vinhos importados por aqui) e da relação deste com o real (que dispensa comentários), os goles do velho continente (uma porção muito importante do nosso mercado) ficaram, nos últimos tempos, muito mais afastados do alcance dos bolsos dos mortais.
Não é fácil encontrar hoje bons vinhos daquelas bandas por menos de R$ 40 ou R$ 50, e mesmo assim, é preciso garimpar para encontrar uma boa pedida. Porém, dentro da relação custo-benefício, é bom ter como vizinhos países vinícolas, que continuam ganhando espaço por aqui com exemplares nessa faixa.
As últimas surpresas chegaram da Argentina por trás de duas marcas estreantes: Los Cardos e Vila. O rótulo Los Cardos identifica a linha básica da Viña Doña Paula, pertencente ao Grupo Claro, uma empresa chilena proprietária da Viña Santa Rita, uma velha conhecida do outro lado da cordilheira.
A Doña Paula tem cerca de 760 hectares de vinhedos nas regiões de Lujan de Cuyo e Tupungato, no coração da província de Mendoza. Os enólogos da casa são Stefano Gandolini -formado na Universidade Católica do Chile e com passagens por casas como Cós d'Estournel e Château Pavie, na região francesa de Bordeaux- e Matias Michelini (que trabalhou na Luigi Bosca).
No primeiro desembarque de Los Cardos há dois tintos interessantes, ambos safra 2001: um cabernet sauvignon de bom corpo e sabor de ameixas e compotas e paladar bastante redondo (especialmente para um vinho de uma cepa que em terras platinas modela vinhos mais duros e adstringentes) e um malbec de perfume frutado intenso (característico da variedade) e paladar macio, com boa textura.
A Bodegas e Viñedos Vila também é uma vinícola mendocina. José Vila é o enólogo que assina os vinhos desta firma familiar fundada em 1973 e que possui cerca de 150 hectares de vinhedos localizados ao sudeste da cidade de Mendoza. A casa, dedicada no início a comercializar vinhos a granel, decidiu no começo dos anos 90 engarrafar seus próprios exemplares e tentar os primeiros vôos no mercado internacional.
Na sua estréia em terras tupiniquins, a Vila também se destaca pelos seus tintos (todos da safra 2002, considerada de alta qualidade nos vinhedos argentinos). Entre eles, há três imperdíveis: o bonarda (fruta atraente, boa concentração, equilibrado), o cabernet sauvignon (marcado por frutas vermelhas, levemente tânico, mas com bom conteúdo de fruta) e o malbec, um vinho de aroma intenso (ameixas pretas maduras, toque floral) e paladar frutado persistente e agradável.


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