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GASTRONOMIA
Argentina é opção com alta de vinhos europeus
Caio Guatelli/Folha Imagem
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Vila e Los Cardos (dir.), que custam menos de R$ 35 |
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Vítimas, talvez, da conversão das moedas locais para o
euro (que provocou um aumento
de preços que deixou até os próprios europeus de cabelos em pé),
do fortalecimento daquela divisa
perante o dólar americano (que
rege o preço dos vinhos importados por aqui) e da relação deste
com o real (que dispensa comentários), os goles do velho continente (uma porção muito importante do nosso mercado) ficaram,
nos últimos tempos, muito mais
afastados do alcance dos bolsos
dos mortais.
Não é fácil encontrar hoje bons
vinhos daquelas bandas por menos de R$ 40 ou R$ 50, e mesmo
assim, é preciso garimpar para
encontrar uma boa pedida. Porém, dentro da relação custo-benefício, é bom ter como vizinhos
países vinícolas, que continuam
ganhando espaço por aqui com
exemplares nessa faixa.
As últimas surpresas chegaram
da Argentina por trás de duas
marcas estreantes: Los Cardos e
Vila. O rótulo Los Cardos identifica a linha básica da Viña Doña
Paula, pertencente ao Grupo Claro, uma empresa chilena proprietária da Viña Santa Rita, uma velha conhecida do outro lado da
cordilheira.
A Doña Paula tem cerca de 760
hectares de vinhedos nas regiões
de Lujan de Cuyo e Tupungato,
no coração da província de Mendoza. Os enólogos da casa são Stefano Gandolini -formado na
Universidade Católica do Chile e
com passagens por casas como
Cós d'Estournel e Château Pavie,
na região francesa de Bordeaux-
e Matias Michelini (que trabalhou
na Luigi Bosca).
No primeiro desembarque de
Los Cardos há dois tintos interessantes, ambos safra 2001: um cabernet sauvignon de bom corpo e
sabor de ameixas e compotas e
paladar bastante redondo (especialmente para um vinho de uma
cepa que em terras platinas modela vinhos mais duros e adstringentes) e um malbec de perfume
frutado intenso (característico da
variedade) e paladar macio, com
boa textura.
A Bodegas e Viñedos Vila também é uma vinícola mendocina.
José Vila é o enólogo que assina os
vinhos desta firma familiar fundada em 1973 e que possui cerca
de 150 hectares de vinhedos localizados ao sudeste da cidade de
Mendoza. A casa, dedicada no
início a comercializar vinhos a
granel, decidiu no começo dos
anos 90 engarrafar seus próprios
exemplares e tentar os primeiros
vôos no mercado internacional.
Na sua estréia em terras tupiniquins, a Vila também se destaca
pelos seus tintos (todos da safra
2002, considerada de alta qualidade nos vinhedos argentinos). Entre eles, há três imperdíveis: o bonarda (fruta atraente, boa concentração, equilibrado), o cabernet sauvignon (marcado por frutas vermelhas, levemente tânico,
mas com bom conteúdo de fruta)
e o malbec, um vinho de aroma
intenso (ameixas pretas maduras,
toque floral) e paladar frutado
persistente e agradável.
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