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DA RUA
Viatura
FERNANDO BONASSI
Armada até os dentes cariados dos ocupantes fardados e cheia de autoridade
delegada, cruza a cidade em
ruínas a viatura. Nos bairros
chiques será vista apressada, trafegando pela esquerda, esnobando os importados mais velozes. Mas não
se iludam os comunistas,
que a revolução terá no
camburão o cassetete que
merece. E, onde os faróis alcançam, penetrando recônditas periferias, abre as sirenes sobre nós, cidadãos civilizados por carteiras profissionais e salários criminosos (estas sim nossas piores
condenações). Aliás, quase
mortos, quase porcos, acabamos no chiqueirinho.
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