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FESTIVAL DE CURITIBA
Espetáculo do português Tiago Torres da Silva estréia hoje no evento paranaense e no dia 6 em SP
Portugal saúda o mar em "Alfonsina"
ERIKA SALLUM
da enviada a Curitiba
A nova dramaturgia portuguesa
marca presença hoje no 8º Festival
de Teatro de Curitiba, a mais importante mostra teatral do país,
que termina amanhã após dez dias
de eventos e apresentações de 52
peças.
O dramaturgo e diretor lisboeta
Tiago Torres da Silva exibe, às
21h30, o monólogo "É o Mar, Alfonsina, É o Mar!", interpretado
pelo português José Neves.
O espetáculo mostra a busca incessante de um homem por sua
amada, a poeta argentina Alfonsina Storni (1892-1935), que se suicidou se atirando ao mar.
A peça estreou em Lisboa no dia
10 de novembro. De 1º a 4 de abril,
a montagem fica em cartaz na Casa
da Gávea, no Rio, e, no dia 6, haverá uma única apresentação no Sesc
Pompéia, em São Paulo. Depois, o
monólogo segue para Caracas (Venezuela) e Macau.
Tiago Torres da Silva, 29, é também autor da peça "Almas sem Cabelos" e do romance "Um S a
Mais", lançado recentemente em
seu país, em que conta a história de
um doente com o vírus da Aids.
Silva diz que está atualmente envolvido com a preparação de um
novo disco e um show da brasileira
Elza Soares, que deve estrear brevemente em Portugal.
Maturidade
""É o Mar" é, sem dúvida, meu espetáculo mais maduro e o mais livre, no qual eu pude abertamente
não me importar se as pessoas
apreciariam ou não", diz ele, que
conheceu a poeta por meio da canção "Alfonsina y el Mar".
Para Silva, a peça é sobre "a procura de nós mesmos, o que significa sempre um ato de amor, entrega
e despojamento".
Antes de escrever a obra, o dramaturgo convidou o ator José Neves para, juntos, criarem a montagem. Nada havia sido combinado
previamente, nem ao menos o tema a ser trabalhado.
Neves, 33, ex-estudante de física
da Universidade de Coimbra, faz
parte do elenco do Teatro Nacional
Dona Maria 2ª, em Lisboa.
"Por meio dos movimentos de
Neves, de suas sugestões, íamos escrevendo o texto. A relação do ator
com o mar me lembrou Alfonsina", afirma o diretor.
Nascido no interior de Portugal,
em Guarda, Neves conta que integra o pequeno grupo de portugueses que nada têm a ver com o mar.
"Sempre tive problemas com ele,
não sou propriamente um nadador, então há uma certa ironia nisso tudo", diz o ator, que pela primeira vez faz um monólogo.
A trilha sonora de "É o Mar, Alfonsina, É o Mar!" se compõe de
vozes de cantoras, de Amália Rodrigues a Gal Costa, extraídas de
pequenos trechos de músicas,
num emaranhado de sons femininos que termina por simbolizar a
própria Alfonsina Storni.
Quase não há palavras escritas
pela poeta no espetáculo, que, segundo Silva, conserva, no entanto,
seu universo. "A poesia de Alfonsina é muito mutante, e o ator vai
acompanhando essas transformações no palco, num envolvimento
e emoção que, para mim, são lindos", finaliza.
Quando: hoje, às 21h30, e amanhã, às 20h,
no teatro Paiol (praça Garibaldi, 7, Prado Velho, Curitiba, tel. 041/322-1525). R$ 20
A jornalista
Erika Sallum viaja a convite da organização do festiva
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