São Paulo, Sábado, 27 de Março de 1999
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"OPERETA"
Musical singelo e rico

NELSON DE SÁ
enviado especial a Curitiba

É um musical, mas nada que se pareça com um, na visão corrente. Um piano, duas cantoras/atrizes e um cantor/ator. Embora tenha sido mostrado num palco, foi concebido e se destina a apresentações de rua. Um musical de rua, uma opereta de rua, mas nem por isso menos envolvente.
Mais importante, como é regra nos musicais que vêm surgindo no teatro brasileiro, "Opereta - O Homem que Sabia Português", da mineira Cia. Burlantins, revela grandes e inesperados talentos. No caso, são duas ótimas comediantes e cantoras, Marina Machado e Regina Spósito, e um ator completo que chega a lembrar Grande Otelo, Maurício Tizumba.
Uma comédia musical que ambiciona aproximar música clássica e popular, alta e baixa cultura, "Opereta" tem um simpático e muito bem desenvolvido roteiro de Tim Rescala, também o diretor musical e arranjador.
Numa comédia de erros, mostra as peripécias dos romances de um professor (Tizumba) com uma empregada (Marina Machado) e de um "faz-tudo" (novamente Tizumba) com uma mulher elegante (Regina Spósito). Em tudo, o esforço de quebrar diferenças sociais e culturais, como escreve Rescala no programa.
De execução precisa no humor, na música, até na sonoplastia do piano de Rescala, a encenação da Cia. Burlantins lembra -em sua rica criação e em sua singeleza- o trabalho do também mineiro Galpão, não sendo surpresa que a direção geral tenha sido de Chico Pelúcio, que é do grupo.
Num único quadro o espetáculo derrapa -e logo o primeiro. A apresentação expõe infantilmente, com uma canção de letra simplista, o intuito "didático" da peça, o seu propósito de levar a música lírica ao povo, algo assim. Mas é o primeiro quadro, aliás bem curto e absolutamente dispensável.


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