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"OPERETA"
Musical singelo e rico
NELSON DE SÁ
enviado especial a Curitiba
É um musical, mas nada que se
pareça com um, na visão corrente.
Um piano, duas cantoras/atrizes e
um cantor/ator. Embora tenha sido mostrado num palco, foi concebido e se destina a apresentações
de rua. Um musical de rua, uma
opereta de rua, mas nem por isso
menos envolvente.
Mais importante, como é regra
nos musicais que vêm surgindo no
teatro brasileiro, "Opereta - O Homem que Sabia Português", da mineira Cia. Burlantins, revela grandes e inesperados talentos. No caso, são duas ótimas comediantes e
cantoras, Marina Machado e Regina Spósito, e um ator completo que
chega a lembrar Grande Otelo,
Maurício Tizumba.
Uma comédia musical que ambiciona aproximar música clássica e
popular, alta e baixa cultura, "Opereta" tem um simpático e muito
bem desenvolvido roteiro de Tim
Rescala, também o diretor musical
e arranjador.
Numa comédia de erros, mostra
as peripécias dos romances de um
professor (Tizumba) com uma
empregada (Marina Machado) e
de um "faz-tudo" (novamente Tizumba) com uma mulher elegante
(Regina Spósito). Em tudo, o esforço de quebrar diferenças sociais e
culturais, como escreve Rescala no
programa.
De execução precisa no humor,
na música, até na sonoplastia do
piano de Rescala, a encenação da
Cia. Burlantins lembra -em sua
rica criação e em sua singeleza- o
trabalho do também mineiro Galpão, não sendo surpresa que a direção geral tenha sido de Chico Pelúcio, que é do grupo.
Num único quadro o espetáculo
derrapa -e logo o primeiro. A
apresentação expõe infantilmente,
com uma canção de letra simplista,
o intuito "didático" da peça, o seu
propósito de levar a música lírica
ao povo, algo assim. Mas é o primeiro quadro, aliás bem curto e
absolutamente dispensável.
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