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LITERATURA
Feira pode ter reduzido número de visitantes devido à ausência de algumas das principais editoras
Salão do Livro apela para sorteio de carros
da Reportagem Local
No lugar de convidados estrangeiros, o Salão do Livro de São
Paulo, que neste ano será realizado
entre os dias 21 de abril e 2 de maio,
pretende atrair o público de uma
forma inusitada para um evento
cultural: dois automóveis serão
sorteados pela organização do
evento entre os que comparecerem
à feira.
O salão, versão anual da Bienal
do Livro de São Paulo, coincide pela primeira vez com a Bienal do Rio
de Janeiro, que acontece no mesmo período. O evento carioca vai
desfalcar o paulista da presença de
várias grandes editoras, como a
Companhia das Letras, a Record, a
Objetiva e a Rocco, entre outras.
"Pode chamar de boicote ou do
que quiser, não acho que uma feira
possa deixar de existir porque algumas empresas não vão participar. O público não vai perder nada,
todas as editoras vão estar representadas lá pelas livrarias", disse
Raul Wassermann, presidente da
Câmara Brasileira do Livro (CBL),
que organiza o evento.
Wassermann desdenhou da presença do escritor português José
Saramago como atração na abertura da Bienal do Rio. "Quantas vezes Saramago veio ao Brasil?",
questionou -nos últimos cinco
anos, ele esteve no Brasil em pelo
menos quatro ocasiões, mas essa é
a primeira vez que vem ao país
desde que recebeu o Nobel de Literatura, em 98.
O presidente da CBL disse que
não pretende fazer diferença entre
pequenas e grandes editoras. "Não
fazemos ranking. Para a CBL, são
todos filhos queridos", disse. "Algumas dessas que não virão a São
Paulo representam apenas 10% do
mercado."
Debates
Além do sorteio dos automóveis
-serão dois Ford Ka-, o Salão de
São Paulo deste ano trará como
novidade o "Salão de Idéias", foros
de debates abertos ao público com
a participação de escritores brasileiros. Entre os convidados estão
Leonardo Boff, Moacyr Scliar,
Márcio Souza, Ignácio de Loyola
Brandão e Lygia Fagundes Telles.
Os poetas Augusto e Haroldo de
Campos também irão fazer a leitura, ao lado de outros escritores, de
poemas de Oswald de Andrade no
evento "Ouvindo Oswald".
O presidente da CBL disse que a
principal diferença entre os eventos no Rio e em São Paulo poderá
ser o volume de negócios. "A Bolsa
do Rio é tão importante quanto a
de São Paulo, a diferença é o faturamento", ironizou.
Raul Wassermann não quis, porém, apresentar números para
quantificar essa diferença. "Não
vou cair na mesma armadilha do
ano passado", afirmou, em referência ao questionamento na imprensa sobre os números apresentados pela Câmara Brasileira do Livro para a última Bienal.
Tanto ele quanto o vice-presidente da entidade, José Henrique
Grossi, disseram que estão abertos
a negociar com os organizadores
da Bienal do Rio a mudança de
cronograma dos dois eventos para
evitar que voltem a coincidir.
"Estamos negociando e gostaríamos de negociar", disse Wassermann. Para Grossi, "o Rio também
deveria ter um evento anual", mas
em meses distintos do evento paulista.
(CYNARA MENEZES)
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