São Paulo, Sábado, 27 de Março de 1999
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LITERATURA
Feira pode ter reduzido número de visitantes devido à ausência de algumas das principais editoras
Salão do Livro apela para sorteio de carros

da Reportagem Local

No lugar de convidados estrangeiros, o Salão do Livro de São Paulo, que neste ano será realizado entre os dias 21 de abril e 2 de maio, pretende atrair o público de uma forma inusitada para um evento cultural: dois automóveis serão sorteados pela organização do evento entre os que comparecerem à feira.
O salão, versão anual da Bienal do Livro de São Paulo, coincide pela primeira vez com a Bienal do Rio de Janeiro, que acontece no mesmo período. O evento carioca vai desfalcar o paulista da presença de várias grandes editoras, como a Companhia das Letras, a Record, a Objetiva e a Rocco, entre outras.
"Pode chamar de boicote ou do que quiser, não acho que uma feira possa deixar de existir porque algumas empresas não vão participar. O público não vai perder nada, todas as editoras vão estar representadas lá pelas livrarias", disse Raul Wassermann, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), que organiza o evento.
Wassermann desdenhou da presença do escritor português José Saramago como atração na abertura da Bienal do Rio. "Quantas vezes Saramago veio ao Brasil?", questionou -nos últimos cinco anos, ele esteve no Brasil em pelo menos quatro ocasiões, mas essa é a primeira vez que vem ao país desde que recebeu o Nobel de Literatura, em 98.
O presidente da CBL disse que não pretende fazer diferença entre pequenas e grandes editoras. "Não fazemos ranking. Para a CBL, são todos filhos queridos", disse. "Algumas dessas que não virão a São Paulo representam apenas 10% do mercado."

Debates
Além do sorteio dos automóveis -serão dois Ford Ka-, o Salão de São Paulo deste ano trará como novidade o "Salão de Idéias", foros de debates abertos ao público com a participação de escritores brasileiros. Entre os convidados estão Leonardo Boff, Moacyr Scliar, Márcio Souza, Ignácio de Loyola Brandão e Lygia Fagundes Telles.
Os poetas Augusto e Haroldo de Campos também irão fazer a leitura, ao lado de outros escritores, de poemas de Oswald de Andrade no evento "Ouvindo Oswald".
O presidente da CBL disse que a principal diferença entre os eventos no Rio e em São Paulo poderá ser o volume de negócios. "A Bolsa do Rio é tão importante quanto a de São Paulo, a diferença é o faturamento", ironizou.
Raul Wassermann não quis, porém, apresentar números para quantificar essa diferença. "Não vou cair na mesma armadilha do ano passado", afirmou, em referência ao questionamento na imprensa sobre os números apresentados pela Câmara Brasileira do Livro para a última Bienal.
Tanto ele quanto o vice-presidente da entidade, José Henrique Grossi, disseram que estão abertos a negociar com os organizadores da Bienal do Rio a mudança de cronograma dos dois eventos para evitar que voltem a coincidir.
"Estamos negociando e gostaríamos de negociar", disse Wassermann. Para Grossi, "o Rio também deveria ter um evento anual", mas em meses distintos do evento paulista. (CYNARA MENEZES)


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