São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fischerspooner é o maior fiasco da noite

GUILHERME WERNECK
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA

THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

A onda de electroclash já fez água em sua nativa Nova York há mais de ano, e o show do Fischerspooner no palco principal serviu para ter uma dimensão mais próxima da realidade de como os fãs de eletrônica lidam com o hype brasileiro do electro.
Armada com guitarra, baixo, bateria e bailarinos, a dupla Warren Fischer e Casey Spooner preparou uma megaperformance, que fazia referência ao imaginário dos clubes gays dos anos 80, e esperava ser recebida como estrela.
O público, por outro lado, se mostrou bastante indiferente à reinvenção do tecnopop oitentista e às coreografrias kitsch. Afetado, Casey Spooner começou a ter chiliques com a banda e os bailarinos, parando músicas e começando do zero, coreografia Esther Williams e tudo. Mas o sonho (dele) acabou quando apresentou uma música nova e esperava que o público cantasse junto o refrão. Poucos cantaram.
Em reação à relativa frieza do público, Spooner teve um faniquito no meio de "Emerge", principal hit da dupla, e deixou o palco. Voltou minutos depois e disse que a platéia teria de se esforçar mais se quisesse ouvir "Emerge".
Mesmo com pouco esforço, a dupla tocou o hit e, desta vez, com dois finais, coreografia e tudo.
A outra estrela do electro, o italiano Benny Benassi teve mais sucesso com o público apresentando o seu electro-pop-rock farofa, com citações de Rolling Stones, Britney Spears e Kylie Minogue. Começou e terminou com o hit grudento "Satisfaction", primeiro embolando com "Toxic", de La Spears, e depois com a original dos Stones. Deixou a pista cheia para o Fischerspooner esvaziar.
Amparado pelo bom disco "Devil's Advocate", lançado no Brasil, o inglês Dave Clarke, um dos maiores DJs de tecno do mundo, ocupou o palco principal às 6h, para mostrar seu live PA. Mas a apresentação não empolgou.
As músicas, de forte acento electro, são claustrofóbicas demais para a vastidão ao ar livre do local. E o live de Clarke não é um "live" na acepção literal da palavra; em muitas das canções ele apenas aumentava e diminuía o volume dos efeitos, não criava a música ali.
O encerramento do evento ficou a cargo de outra referência do tecno mundial, o canadense Richie Hawtin. Outro problema: Hawtin é dono de um tecno minimalista, nada comercial. Ideal para ambientes noturnos, e não para a claridade das 7h da manhã. O que se viu foi o DJ mudando as características de sua música para entregar o que o público queria. Quase conseguiu, não fosse o péssimo sistema de som.


Texto Anterior: Música: "Choques" marcam dupla Basement Jaxx
Próximo Texto: Beats
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.