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Fischerspooner é o maior fiasco da noite
GUILHERME WERNECK
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
A onda de electroclash já fez
água em sua nativa Nova York há
mais de ano, e o show do Fischerspooner no palco principal serviu
para ter uma dimensão mais próxima da realidade de como os fãs
de eletrônica lidam com o hype
brasileiro do electro.
Armada com guitarra, baixo,
bateria e bailarinos, a dupla Warren Fischer e Casey Spooner preparou uma megaperformance,
que fazia referência ao imaginário
dos clubes gays dos anos 80, e esperava ser recebida como estrela.
O público, por outro lado, se
mostrou bastante indiferente à
reinvenção do tecnopop oitentista e às coreografrias kitsch. Afetado, Casey Spooner começou a ter
chiliques com a banda e os bailarinos, parando músicas e começando do zero, coreografia Esther
Williams e tudo. Mas o sonho
(dele) acabou quando apresentou
uma música nova e esperava que
o público cantasse junto o refrão.
Poucos cantaram.
Em reação à relativa frieza do
público, Spooner teve um faniquito no meio de "Emerge", principal hit da dupla, e deixou o palco. Voltou minutos depois e disse
que a platéia teria de se esforçar
mais se quisesse ouvir "Emerge".
Mesmo com pouco esforço, a
dupla tocou o hit e, desta vez, com
dois finais, coreografia e tudo.
A outra estrela do electro, o italiano Benny Benassi teve mais sucesso com o público apresentando o seu electro-pop-rock farofa,
com citações de Rolling Stones,
Britney Spears e Kylie Minogue.
Começou e terminou com o hit
grudento "Satisfaction", primeiro
embolando com "Toxic", de La
Spears, e depois com a original
dos Stones. Deixou a pista cheia
para o Fischerspooner esvaziar.
Amparado pelo bom disco "Devil's Advocate", lançado no Brasil,
o inglês Dave Clarke, um dos
maiores DJs de tecno do mundo,
ocupou o palco principal às 6h,
para mostrar seu live PA. Mas a
apresentação não empolgou.
As músicas, de forte acento electro, são claustrofóbicas demais
para a vastidão ao ar livre do local.
E o live de Clarke não é um "live"
na acepção literal da palavra; em
muitas das canções ele apenas aumentava e diminuía o volume dos
efeitos, não criava a música ali.
O encerramento do evento ficou a cargo de outra referência do
tecno mundial, o canadense Richie Hawtin. Outro problema:
Hawtin é dono de um tecno minimalista, nada comercial. Ideal para ambientes noturnos, e não para
a claridade das 7h da manhã. O
que se viu foi o DJ mudando as características de sua música para
entregar o que o público queria.
Quase conseguiu, não fosse o péssimo sistema de som.
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