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Paraguaio, autor de "Eu, o Supremo" (1974), teve parada cardíaca em decorrência de complicações pós-cirúrgicas
Escritor Augusto Roa Bastos morre aos 87
DA REDAÇÃO
O escritor e poeta paraguaio
Augusto Roa Bastos, um dos
principais autores latino-americanos, morreu ontem à tarde, aos
87 anos, em um hospital de Assunção, segundo informou sua família. Roa Bastos morreu devido
a um ataque cardíaco oriundo de
complicações da cirurgia a que foi
submetido após cair e bater a cabeça em sua casa, na última sexta.
"Seu coração era frágil", disse
Carlos Alberto Roa, um de seus filhos, à imprensa. Roa Bastos já
havia feito um tratamento cardíaco em Cuba, em 2003. O ditador
cubano Fidel Castro visitou o escritor em sua casa, durante sua última viagem ao Paraguai.
Autor de livros como "Eu, o Supremo" (1974), que retrata a vida
do ditador paraguaio Gaspar Rodríguez de Francia e foi considerado pela crítica uma das obras
mais importantes da literatura latino-americana, Roa Bastos viveu
exilado na Argentina e na França
por mais de 40 anos, durante o regime do ditador paraguaio Alfredo Stroessner (1954-1989). Autorizado a visitar o país em três ocasiões durante seu exílio, o escritor
foi definitivamente expulso em
1982 e só regressaria após a derrubada de Stroessner -que atualmente vive exilado em Brasília.
O ditador paraguaio proibiu a
venda de "Eu, o Supremo" no país
-para o público, o retrato que
Roa Bastos fez de Rodríguez de
Francia, que governou o Paraguai
com mão-de-ferro após a independência do país, em 1811, era tacitamente o de Stroessner. O livro
daria ao escritor o Prêmio Cervantes de Literatura, em 1989.
O exílio forçado marcou profundamente Roa Bastos. "Mesmo
os cães sentem-se mal quando são
expulsos de algum lugar. Imagine
o que é isso para um homem",
disse o autor em entrevista. Sua
obra é intimamente ligada à sua
terra natal. Nascido na capital Assunção, em 13 de junho de 1917, o
escritor passou sua infância na vila rural indígena de Iturbe -retratada em seus livros como Itapé-, onde seu pai, de temperamento autoritário, comandava
uma refinaria de açúcar.
O gosto pela literatura foi incentivado por sua mãe, que o fez ler a
Bíblia e as obras de Shakespeare,
além de tê-lo iniciado na arte da
narração ao contar-lhe lendas paraguaias no idioma guarani.
Roa Bastos também foi marcado pela guerra entre Paraguai e
Bolívia (1932-1935), pelo controle
da zona desértica do Chaco, na
qual participou como assistente
de enfermagem, aos 15 anos. Ao
fim do conflito, iniciou sua carreira no jornal paraguaio "El País",
onde chegou a chefe de redação e
correspondente em Londres,
após a Segunda Guerra Mundial.
Paralelamente, ele começou a
escrever poemas e publicou em
1941 sua primeira novela, "Fulgencio Miranda". O paraguaio era
um leitor apaixonado por autores
como Rilke, Cocteau e Faulkner.
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