|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTE
Especial retrata modismo dos coletivos
JULIANA MONACHESI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
No mundo da arte, "coletivo"
virou sinônimo de qualquer iniciativa empreendida por mais de
uma pessoa. O termo foi barateado por conta de um modismo que
começou em meados de 2001,
quando alguns eventos em São
Paulo (Panorama MAM e, no ano
seguinte, Mídia Tática Brasil) deram projeção ao trabalho até então underground que grupos de
artistas vinham fazendo em todo
o país.
A filosofia básica dos "coletivos" é a de unir forças e criar estratégias de difusão da arte. Alguns grupos se utilizam principalmente de ações no espaço urbano,
buscando reintegrar a arte na vida
cotidiana das pessoas, como afirma Tulio Tavares, integrante do
"Nova Pasta", no especial sobre
coletivos que o programa "O
Mundo da Arte", da Rede SescSenac, leva ao ar hoje, às 9h30. Outros grupos optam pela inserção
crítica dentro de instituições de
arte ou meios de comunicação,
como é o caso do "Esqueleto Coletivo", que realiza atualmente
uma exposição na galeria do Sesc
Paulista.
Esses grupos -assim como outros entrevistados, como Bijari e
Formigueiro- são exemplos de
associações artísticas que desenvolvem um trabalho sério e constante na cidade de São Paulo. Mas
o modismo traz uma enxurrada
de grupos que de "coletivo" não
têm nada, na qual o programa
derrapa um pouco, como ao centrar a reportagem apenas em São
Paulo, quando o fenômeno é mais
amplo e muito mais rico.
Há passagens infelizes, como
quando um integrante do grupo
"A Revolução Não Será Televisionada", que surgiu como um astucioso programa independente para TV, dá a receita de como montar um coletivo. Uma pérola vem
da representante do "Contra-Filé", ao explicar o motivo do nome
do grupo. "É uma brincadeira
com a idéia de contra-cultura.
Contra-cultura, contra-filé", fim
da "explicação". A artista critica a
"banalização" pela imprensa dos
coletivos, que "têm questões mais
importantes por trás". O repórter
pergunta quais questões, e o grupo silencia com um sorriso amarelo. Quem banaliza a causa?
O MUNDO DA ARTE - COLETIVOS.
Quando: hoje, às 9h30; sáb. (18h30) e
dom. (13h30), na Rede SescSenac.
Texto Anterior: Teatro: Regina Duarte busca traduções de si em monólogo Próximo Texto: Contardo Calligaris: Os "tarados" de Abu Ghraib Índice
|