São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 2005

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CINEMA

Novo longa do diretor Fernando Meirelles, "The Constant Gardener" estreará em 1.200 salas americanas em agosto

EUA recebem sucessor de "Cidade de Deus"

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro longa-metragem dirigido pelo cineasta brasileiro Fernando Meirelles após o sucesso de "Cidade de Deus" (2002) já tem data de estréia definida -nos Estados Unidos.
"The Constant Gardener" (o jardineiro fiel), produção internacional estrelada pelos atores ingleses Ralph Fiennes ("Fim de Caso") e Rachel Weisz ("Constantine"), será lançado no próximo dia 26 de agosto em 1.200 salas norte-americanas.
Para os padrões dos Estados Unidos, é um lançamento médio, assim como o orçamento original do filme, de US$ 28 milhões (R$ 67,5 milhões).
No cânone brasileiro, ambos são inatingíveis. O país possui apenas 1.900 salas de cinema, e os maiores lançamentos aqui ocupam em torno de 400 delas.
Um orçamento de R$ 12 milhões conferiu a "Carandiru" (2003), de Hector Babenco, o recorde de filme mais caro realizado no Brasil, onde atualmente as planilhas de custos estão na média dos R$ 5 milhões.
A produção de "The Constant Gardener" é da Focus Features, selo da gigante Universal para o que se entende como filme médio: feito com menos dinheiro e mais elaboração, mirando a atenção de quem já saiu da adolescência.
"The Constant Gardener" é uma adaptação do livro homônimo de John Le Carré, editado no Brasil pela Record, em que um diplomata tenta desvendar o assassinato da própria mulher.
A trama envolve uma suspeita de interesses econômicos -haveria um lobby da indústria farmacêutica por trás do crime- e um imbróglio afetivo -um médico que acompanhava a advogada em seu trabalho no Quênia desaparece do local sem deixar pistas.
Para as filmagens do longa, que foram realizadas na Inglaterra, no Canadá e na África, Meirelles reeditou algumas de suas parcerias de "Cidade de Deus".
O roteirista Bráulio Mantovani deu consultoria à adaptação, e Cesar Charlone, que atualmente dirige um longa no Uruguai (leia reportagem à esquerda), assina novamente a fotografia.
Mantovani, Charlone e o montador de "Cidade de Deus", Daniel Rezende, foram indicados ao Oscar em 2004, quando Meirelles também concorreu, como melhor diretor.
As quatro indicações de "Cidade de Deus" ao prêmio máximo da indústria de cinema dos EUA coroaram a tendência de ascensão das carreiras desses profissionais, que começou em 2002, quando o longa brasileiro foi exibido no Festival de Cannes, fora de competição.
A história de bastidores do festival francês registra que seu diretor de programação, Thierry Frémaux, lutou até o último momento para ter "Cidade de Deus" concorrendo à Palma de Ouro.
Frémaux teria, no entanto, esbarrado na resistência do presidente da mostra, o veterano Gilles Jacob, a quem a linguagem vertiginosa de "Cidade de Deus" teria parecido um excesso.
Mas é precisamente na narrativa de "Cidade de Deus" que a indústria do cinema viu um frescor (se não uma novidade) e transformou Meirelles numa aposta de novo Midas.
O diretor brasileiro trabalha atualmente no roteiro de uma superprodução para os estúdios Universal que reerguerá a cidade de Pompéia, para ser o cenário de um "disaster-movie".
A Focus informou a Meirelles que "The Constant Gardener" foi comprado por uma distribuidora brasileira de pequeno porte, para o lançamento no país.
O diretor não sabe se a estréia aqui será simultânea à dos Estados Unidos. Ontem, a reportagem não conseguiu localizar o distribuidor brasileiro do filme.

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