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CINEMA
Novo longa do diretor Fernando Meirelles, "The Constant Gardener" estreará em 1.200 salas americanas em agosto
EUA recebem sucessor de "Cidade de Deus"
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O primeiro longa-metragem dirigido pelo cineasta brasileiro Fernando Meirelles após o sucesso de
"Cidade de Deus" (2002) já tem
data de estréia definida -nos Estados Unidos.
"The Constant Gardener" (o
jardineiro fiel), produção internacional estrelada pelos atores ingleses Ralph Fiennes ("Fim de Caso") e Rachel Weisz ("Constantine"), será lançado no próximo dia
26 de agosto em 1.200 salas norte-americanas.
Para os padrões dos Estados
Unidos, é um lançamento médio,
assim como o orçamento original
do filme, de US$ 28 milhões (R$
67,5 milhões).
No cânone brasileiro, ambos
são inatingíveis. O país possui
apenas 1.900 salas de cinema, e os
maiores lançamentos aqui ocupam em torno de 400 delas.
Um orçamento de R$ 12 milhões conferiu a "Carandiru"
(2003), de Hector Babenco, o recorde de filme mais caro realizado
no Brasil, onde atualmente as planilhas de custos estão na média
dos R$ 5 milhões.
A produção de "The Constant
Gardener" é da Focus Features,
selo da gigante Universal para o
que se entende como filme médio:
feito com menos dinheiro e mais
elaboração, mirando a atenção de
quem já saiu da adolescência.
"The Constant Gardener" é
uma adaptação do livro homônimo de John Le Carré, editado no
Brasil pela Record, em que um diplomata tenta desvendar o assassinato da própria mulher.
A trama envolve uma suspeita
de interesses econômicos -haveria um lobby da indústria farmacêutica por trás do crime- e um
imbróglio afetivo -um médico
que acompanhava a advogada em
seu trabalho no Quênia desaparece do local sem deixar pistas.
Para as filmagens do longa, que
foram realizadas na Inglaterra, no
Canadá e na África, Meirelles reeditou algumas de suas parcerias
de "Cidade de Deus".
O roteirista Bráulio Mantovani
deu consultoria à adaptação, e Cesar Charlone, que atualmente dirige um longa no Uruguai (leia reportagem à esquerda), assina novamente a fotografia.
Mantovani, Charlone e o montador de "Cidade de Deus", Daniel Rezende, foram indicados ao
Oscar em 2004, quando Meirelles
também concorreu, como melhor
diretor.
As quatro indicações de "Cidade de Deus" ao prêmio máximo
da indústria de cinema dos EUA
coroaram a tendência de ascensão das carreiras desses profissionais, que começou em 2002,
quando o longa brasileiro foi exibido no Festival de Cannes, fora
de competição.
A história de bastidores do festival francês registra que seu diretor
de programação, Thierry Frémaux, lutou até o último momento para ter "Cidade de Deus" concorrendo à Palma de Ouro.
Frémaux teria, no entanto, esbarrado na resistência do presidente da mostra, o veterano Gilles
Jacob, a quem a linguagem vertiginosa de "Cidade de Deus" teria
parecido um excesso.
Mas é precisamente na narrativa de "Cidade de Deus" que a indústria do cinema viu um frescor
(se não uma novidade) e transformou Meirelles numa aposta de
novo Midas.
O diretor brasileiro trabalha
atualmente no roteiro de uma superprodução para os estúdios
Universal que reerguerá a cidade
de Pompéia, para ser o cenário de
um "disaster-movie".
A Focus informou a Meirelles
que "The Constant Gardener" foi
comprado por uma distribuidora
brasileira de pequeno porte, para
o lançamento no país.
O diretor não sabe se a estréia
aqui será simultânea à dos Estados Unidos. Ontem, a reportagem
não conseguiu localizar o distribuidor brasileiro do filme.
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