São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007

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Cabaceirenses viram dublês e figurantes

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CABACEIRAS (PB)

"A produção do "Auto da Compadecida" não ia botar um cabra famoso para se deitar no calçamento", afirma o gari Ednaldo Lima, 36, para justificar sua atuação como dublê na cena da morte do cangaceiro Severino, interpretado por Marco Nanini.
Algumas cenas de ação da minissérie da TV Globo, depois transformada em longa-metragem, foram feitas por dublês cabaceirenses.
"Estavam procurando alguém que soubesse cair para a hora em que Chicó [Selton Mello] leva uma facada e cai. Como agarro no gol e sei cair, e sou um pouco parecido com ele, me escolheram", diz o carteiro Fabrício Santos, 29.
Para eles, o dinheiro da figuração, apesar de pouco, ajudou no final do mês.
Se a produção economiza ao rodar na cidade, os moradores lucram no comércio, na hotelaria e com empregos temporários.
José Nunes de Araújo Neto, 70, o Zé de Cila, foi dublê de Rogério Cardoso no "Auto..." e figurante em "Cinema, Aspirinas e Urubus". Ganhou bem mais do que os cachês: conquistou notoriedade e é um dos moradores mais conhecidos de Cabaceiras.
O "encantador de viúvas", como é chamado por sua fama de conquistar mulheres que acabaram de perder maridos, diz ter gostado de gravar a cena de "Cinema, Aspirinas e Urubus" que se passa em um bordel. "O meu papel era ficar abraçado, namorando e passeando pelo cabaré com aquela menina a noite todinha."
Zé de Cila assistiu ao filme quando o diretor Marcelo Gomes o exibiu na cidade. "Apareço só um pouquinho, mas não fico triste. Sei que editam tudo."
Já Iraci Soares Nunes, 53, a dona Cecília, fez o papel da viúva durante o enterro de João Grilo, personagem de Matheus Nachtergaele no "Auto...", e ficou famosa pela atuação.
Dona Cecília diz que chorou de verdade durante as gravações do enterro, porque tinha perdido seu marido havia sete meses.


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