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ARTES PLÁSTICAS
Artista brasileiro radicado nos EUA tem exposições em SP
Vik Muniz caminha sobre
o fio da navalha em mostras
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
Vik Muniz ocupa posição
singular. Brasileiro residindo em Nova York, tematiza a história da arte globalizada por meio
da fotografia. A carreira de Muniz
consolidou-se com currículo internacional de peso. Em 2000,
participou da Bienal do Museu
Whitney, dedicada à produção
norte-americana.
As fotos de Muniz evidenciam a
mão de um desenhista. A matéria-prima barata é ordenada de
modo a formar silhuetas perfeitamente identificáveis pelo traço
delicado sobre superfícies monocromáticas, como em "Monstro"
(2000).
O poder da fotografia ocupa o
centro do debate na obra do artista. A imagem registra obras efêmeras, criadas cuidadosamente
com materiais inadequados para
a eternização artística: terra, poeira, arame.
A técnica mecânica mostra objetos inexistentes, na medida em
que faz visíveis elementos cuja escala parece ficticiamente próxima
do público. O modelo jamais se
daria a conhecer diretamente
com a nitidez da ampliação. O engano fotográfico é assim revestido
com o prazer estético da surpresa.
As figuras do artista ironizam
grandes valores da intelectualidade bem pensante, sobretudo a nova-iorquina. Como numa sátira
de Woody Allen, vemos um Pollock respingando genialidade
açucarada ("Action Photo 1",
1997) e um Freud de chocolate
("Sigmund", 1997).
A inovação de Vik Muniz corre
o risco de toda arte circulante em
escala global. As sínteses originais
do artista tornaram-se modulares
ao longo dos últimos anos, como
se pode acompanhar no período
coberto pela retrospectiva do
MAM (1988-2000) e pela mostra
na Camargo Vilaça (2001).
Contudo Muniz pode estar apenas cumprindo a trajetória de um
artista rigoroso. A troca de estilo é
por vezes mero artifício para esconder a superficialidade de pesquisa. O amadurecimento da
obra exige a exploração de problemas relevantes. Vik Muniz está
diante de um dilema. Os caminhos são excludentes: um leva à
adaptação às pressões internacionais, outro, à renovação. A poucos artistas é dada a oportunidade
real desse enfrentamento.
Pictures of Air e Pictures of
Color
Onde: Galeria Camargo Vilaça (r.
Fradique Coutinho, 1.500, Pinheiros, tel.
0/xx/11/ 3032-7066)
Quando: segunda a sexta, das 10h às
19h; sábado, das 10h às 14h. Até 28 de
julho
Quanto: entrada franca
Ver Para Crer
Onde: MAM - Ibirapuera (av. Pedro
Álvares Cabral, s/nš, portão 3, parque
Ibirapuera, tel. 0/xx/11/5549-9688).
Quando: terça, quarta e sexta, das 12h
às 18h; quinta, das 12h às 22h; sábado e
domingo, das 10h às 18h. Abertura
amanhã. Até 12 de agosto
Quanto: R$ 5 (quinta, após 17h, e terça,
entrada franca)
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