|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Empresas americanas querem combater disseminação pela internet
Gravadoras processam consumidores
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Ao menos na ótica das gravadoras americanas, o consumidor
não tem sempre razão e inclusive
merece ser processado.
Em uma mudança radical na estratégia para combater a disseminação de música pela internet, as empresas anunciaram que, em
vez de gastar sua energia fechando sites, vão agora abrir ações
contra as pessoa que enviam os
arquivos para a rede.
Os processos serão levados
adiante pela poderosa RIAA (Recording Industry Association of
America), que reúne as cinco
maiores gravadoras do país, incluindo grupos como AOL Time
Warner, Vivendi, Sony, Bertelsmann e EMI.
Segundo a lógica da associação,
os consumidores que colocam arquivos em sites como KaZaA e
Grokster devem receber o mesmo
tratamento que uma pessoa que
furta uma loja. "Algumas pessoas
nos perguntam, "Como vocês podem processar seus consumidores?". A resposta é simples: donos de lojas processam seus ladrões
porque sabem que o problema ficaria muito pior se não o fizessem", disse a RIAA em anúncio publicado ontem em jornais.
A decisão promete reavivar
uma discussão que ganhou destaque por causa do site Napster, um
dos pioneiros em distribuir música de graça pela internet. Após
dura batalha judicial, as gravadoras conseguiram derrubar o
Napster, mas ele acabou substituído por outros endereços.
Segundo as empresas, seu faturamento diminuiu 25% nos últimos quatro anos. "Está claro que
os dinossauros da indústria fonográfica perderam completamente
a noção da realidade", disse em
comunicado Fred von Lohmann,
advogado da EFF (Eletronic Frontier Foundation), organização baseada na Califórnia que defende
os usuários de música on-line.
"Numa época em que há mais
americanos usando programas
que compartilham arquivos do
que votaram no presidente Bush,
mais processos não são a resposta. É hora de pagar os artigos e legalizar o compartilhamento de
arquivos. Pedimos ao Congresso
para buscar alternativas à campanha da RIAA", afirmou Lehman.
As ações das gravadoras vão se
concentrar nos americanos que
mais dividem arquivos -não foi
dado, porém, um número "mínimo", a partir do qual os consumidores correm risco de serem processados.
A estimativa da indústria fonográfica é que cerca de 2,6 bilhões
de arquivos musicais sejam compartilhados por mês na internet.
As empresas apontam que 90%
das canções são levadas à rede por
apenas 10% dos usuários, que deverão ser o foco dos primeiros
processos. O valor das ações poderia chegar a US$ 150 mil.
As gravadoras acreditam que
esse seja o momento certo para
abrir os processo porque há jurisprudência favorável a elas. Uma
corte americana decidiu que os
provedores de internet são obrigados a revelar os nomes das pessoas que compartilham arquivos
de música on-line.
A atitude das gravadoras poderá motivar ações semelhantes da
indústria cinematográfica, que
também acaba de obter notícias
favoráveis na Justiça: um homem
de Nova Jersey declarou-se culpado por distribuir uma cópia ainda
não terminada do filme "Hulk",
lançado recentemente nos EUA.
Texto Anterior: Mick Jagger completa 60 anos em turnê Próximo Texto: Documentário: Nouvelle vague exibe suas várias faces Índice
|