São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Personagem supera amontoado de músculos Reuters O ator Lou Ferrigno e o quadrinista Stan Lee, criador de Hulk DIEGO ASSIS DA REPORTAGEM LOCAL O problema de "Hulk", o filme, são as pessoas que não leram "Hulk", o quadrinho, mas assistiram a "Hulk", o seriado de TV. Problema porque do verdão se espera um realismo anabolizado como esse aí de cima (o figurão à esquerda é Lou Ferrigno, que interpretava o monstro nos episódios para a TV), e não um cartum, cuja representação mais "realista" seria exatamente a que a equipe de Ang Lee lhe dá nesse longa. Hulk é um personagem de quadrinhos, oras, um mutante tão "verossímil", com seus mais de três metros de altura e sua pele esverdeada, quanto o são todos os outros heróis da Marvel. Verossímil para quem lê histórias em quadrinhos. E gosta. Como já deveria se esperar de Ang Lee, "Hulk" não é uma piada, não tem as mesmas gracinhas nem as referências extra-HQ que fizeram de "Homem-Aranha" e "X-Men" sucessos de público e de crítica. Nesses, os diretores deixavam explícito que tudo não passava de um quadrinho. Em "Hulk", Lee não pretende o mesmo. Tenciona adicionar a "Hulk" características de clássicos da literatura de monstro ou do naturalismo. "Hulk" é, sim, um Shrek mal-humorado. Mas que tipo de homem transformado em monstro sairia fazendo piadinhas por aí? Não é mesmo fácil tirar o verdão das páginas dos gibis. Do mesmo jeito que, agora, a versão do Gigante Esmeralda encarnada por Ferrigno, nos anos 70, foi bastante ridicularizada. Com uma maquiagem de quinta, os cabelos emaranhados e as roupas em frangalhos, o herói conquistou o público não por sua capacidade de fazer refletir sobre os problemas humanos, mas por seu ar patético, hoje "cult". Hulk, como alegoria, é muito mais do que um monte de músculos ou um boneco de CGI. Ang Lee, com certeza, vai além disso. Resta saber se o espectador quer ir junto. Texto Anterior: Cinema/estréia - "Hulk": Quando o adorável monstro Shrek perdeu seu humor Próximo Texto: Copião: Na Riofilme, José Wilker quer erguer rede de salas Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.