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CINEMA
Refilmagem do cult "Planeta dos Macacos" por Tim Burton estréia hoje nos EUA
Passado a limpo
Divulgação
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A macaca Ari, personagem vivida por Helena Bonham-Carter, que se envolve com um ser humano em "Planeta dos Macacos" |
MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Era inevitável que o cinema
americano, atento a sequências,
prólogos ou afins, voltasse a visitar o popular mundo dos macacos, apresentado por Charlton
Heston em 1968 e continuado por
quatro filmes, duas séries televisivas e merchandise.
Há mais de dez anos a idéia de
retornar ao cenário circulava por
Hollywood e a intenção era examinar o mesmo mundo de cabeça
para baixo, mas de maneira mais
contemporânea, mais cara (especula-se que US$ 100 milhões foram gastos) e mais sofisticada.
Nesse período, cineastas como
James Cameron ("Titanic"), Oliver Stone ("Platoon") e até Arnold Schwarzenegger mostraram
interesse pelo filme. Mas fomos
premiados com a abordagem irreverente de Tim Burton ("Edward Mãos de Tesoura").
A apenas cinco dias da estréia
de "Planeta dos Macacos" nos
EUA, o agitado diretor ainda estava "retocando" algumas imagens.
"Comandar um filme desse tamanho é uma loucura", disse Burton
à Folha. "Quando menos espero,
eles [produtores] pedem para entregar algo que não está pronto."
Folha - Você pensou duas vezes
antes de aceitar o desafio?
Tim Burton - A primeira regra
em cinema é nunca trabalhar no
remake de um bom filme, e foi
exatamente isso o que fiz. Quando
Richard [Zanuck, produtor do filme e, em 1968, chefe da Fox que
lançou o original] e Bill [Broyles]
me procuraram, fui encontrá-los
sabendo que iria educadamente
recusar o trabalho. Mas, ao ler o
rascunho de Bill, estava fisgado.
Folha - Quais foram suas contribuições para o roteiro?
Burton - Pedi para que Bill pensasse em escrever algo profundo e
interessante sobre o relacionamento entre um dos macacos e o
protagonista. Além disso, sempre
soube que poderia contribuir espiritualmente com a história. A
mitologia desses filmes é o que
mais me intriga e queria explorar
o assunto mais seriamente. Macacos falantes são, para mim, uma
sub-versão americana de Shakespeare: amedrontador e engraçado
ao mesmo tempo.
Folha - A idéia de criar essa tensão sexual entre um macaco (Helena Bonham-Carter) e um humano
(Mark Wahlberg) foi sua?
Burton - Sempre achei que seria
interessante flertar com a possibilidade, mas nunca pensei em
mostrar um homem penetrando
um animal. Esses boatos de que o
estúdio cortou uma cena de sexo
entre eles são especulativos.
Folha - Você é fã do original?
Burton - O tema me intriga desde que assisti ao primeiro filme e
por isso sabia que, se caíssemos
na besteira de fazer uma continuação, entraríamos pelo cano. O
original tinha uma forma específica de estilo e linguagem e, ao invés
de tentar copiar, decidimos imaginar novamente o material.
Folha - E a experiência de filmar
macacos com humanos?
Burton - Chegava ao set todos os
dias pensando apenas em fazer
com que os atores passassem pelas três, às vezes seis horas de maquiagem sem grandes traumas.
No começo, ficava assustado ao
ter de dar instruções àqueles
orangotangos gigantes. Às vezes,
olhava para o lado e via dois orangotangos bebendo café e discutindo sobre o restaurante que iriam e
pensava que estava em um microcosmo do mundo do cinema: mágico, maluco e esquisito.
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