São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2001

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CINEMA

Refilmagem do cult "Planeta dos Macacos" por Tim Burton estréia hoje nos EUA

Passado a limpo

Divulgação
A macaca Ari, personagem vivida por Helena Bonham-Carter, que se envolve com um ser humano em "Planeta dos Macacos"


MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Era inevitável que o cinema americano, atento a sequências, prólogos ou afins, voltasse a visitar o popular mundo dos macacos, apresentado por Charlton Heston em 1968 e continuado por quatro filmes, duas séries televisivas e merchandise.
Há mais de dez anos a idéia de retornar ao cenário circulava por Hollywood e a intenção era examinar o mesmo mundo de cabeça para baixo, mas de maneira mais contemporânea, mais cara (especula-se que US$ 100 milhões foram gastos) e mais sofisticada.
Nesse período, cineastas como James Cameron ("Titanic"), Oliver Stone ("Platoon") e até Arnold Schwarzenegger mostraram interesse pelo filme. Mas fomos premiados com a abordagem irreverente de Tim Burton ("Edward Mãos de Tesoura").
A apenas cinco dias da estréia de "Planeta dos Macacos" nos EUA, o agitado diretor ainda estava "retocando" algumas imagens. "Comandar um filme desse tamanho é uma loucura", disse Burton à Folha. "Quando menos espero, eles [produtores] pedem para entregar algo que não está pronto."

Folha - Você pensou duas vezes antes de aceitar o desafio?
Tim Burton -
A primeira regra em cinema é nunca trabalhar no remake de um bom filme, e foi exatamente isso o que fiz. Quando Richard [Zanuck, produtor do filme e, em 1968, chefe da Fox que lançou o original] e Bill [Broyles] me procuraram, fui encontrá-los sabendo que iria educadamente recusar o trabalho. Mas, ao ler o rascunho de Bill, estava fisgado.

Folha - Quais foram suas contribuições para o roteiro?
Burton -
Pedi para que Bill pensasse em escrever algo profundo e interessante sobre o relacionamento entre um dos macacos e o protagonista. Além disso, sempre soube que poderia contribuir espiritualmente com a história. A mitologia desses filmes é o que mais me intriga e queria explorar o assunto mais seriamente. Macacos falantes são, para mim, uma sub-versão americana de Shakespeare: amedrontador e engraçado ao mesmo tempo.

Folha - A idéia de criar essa tensão sexual entre um macaco (Helena Bonham-Carter) e um humano (Mark Wahlberg) foi sua?
Burton -
Sempre achei que seria interessante flertar com a possibilidade, mas nunca pensei em mostrar um homem penetrando um animal. Esses boatos de que o estúdio cortou uma cena de sexo entre eles são especulativos.

Folha - Você é fã do original?
Burton -
O tema me intriga desde que assisti ao primeiro filme e por isso sabia que, se caíssemos na besteira de fazer uma continuação, entraríamos pelo cano. O original tinha uma forma específica de estilo e linguagem e, ao invés de tentar copiar, decidimos imaginar novamente o material.

Folha - E a experiência de filmar macacos com humanos?
Burton -
Chegava ao set todos os dias pensando apenas em fazer com que os atores passassem pelas três, às vezes seis horas de maquiagem sem grandes traumas. No começo, ficava assustado ao ter de dar instruções àqueles orangotangos gigantes. Às vezes, olhava para o lado e via dois orangotangos bebendo café e discutindo sobre o restaurante que iriam e pensava que estava em um microcosmo do mundo do cinema: mágico, maluco e esquisito.



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