São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Depois de nove meses, sai disco do Placebo no Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

Com nove meses de atraso em relação ao resto do mundo, as lojas brasileiras recebem na próxima semana o disco "Black Market Music", do trio inglês Placebo. Apesar da demora atroz, cabe aqui o velho ditado do "antes tarde do que nunca".
"Black Market Music", terceiro álbum da carreira, é o mais bacana do Placebo até aqui. Quando surgiu, em 96, a banda ficou mais famosa pela androginia do vocalista Brian Molko do que pelo som do grupo, um rock fincado no glam rock dos anos 70, com referências a David Bowie.
Agora, porém, o grupo sente que a música atrai mais atenção do que a sexualidade de seus integrantes -a banda abriga um gay, um bissexual e um hétero.
Com "Black Market Music", o Placebo pode ter se livrado dos comentários sobre a sexualidade, mas arrumou encrenca com representantes da indústria fonográfica britânica.
A música "Special K", que faz referência a vários tipos de drogas, foi rotulada como "ofensiva" pela associação.
"Isso nos deixou muito irritados, pois, na verdade, trata-se de uma música que fala sobre os perigos das drogas, não tem nada de apologia", disse à Folha o baixista da banda, Stefan Olsdal, 27, em entrevista por telefone.
Olsdal falou ainda sobre a possibilidade de a banda vir ao Brasil ainda neste ano. "Vai depender de como o disco vender aí", avisou. Leia, a seguir, trechos da entrevista com o músico. (CA)

Folha - Vocês já fizeram talvez uma centena de shows de "Black Market Music", não? Mudariam agora algo no disco?
Stefan Olsdal -
Parece mentira, mas não. Achamos que o disco é uma boa "polaróide" do que estava rolando com a gente no período em que o gravamos. Claro que evoluímos musicalmente durante os shows, mas a essência do disco é bem legal mesmo.

Folha - O disco foi direto para o primeiro lugar em vendas na França e na Grécia. Você chutaria por que ele foi tão bem nesses países?
Olsdal -
França e Grécia têm tradição como fãs de rock. Bandas como The Cure e Pixies, por exemplo, sempre foram muito bem nos dois lugares. Na França, temos a vantagem de saber a língua, já que eu e o Brian falamos francês, pois moramos durante um tempo em Luxemburgo.

Folha - O som de vocês continuam parecendo muito com coisas antigas de David Bowie. Como foi tê-lo no palco em alguns de seus shows?
Olsdal -
Tinha de me beliscar para acreditar. Amamos o Bowie, ele é uma grande inspiração. E estava ali, cantando "Without You I'm Nothing" junto com o Brian. Foi sensacional.

Folha - A música "Special K" foi considerada ofensiva por representantes da indústria fonográfica britânica. O que é música ofensiva para vocês?
Olsdal -
Achamos repugnante essa atitude. A música é alerta para os perigos das drogas. Ofensivo é new metal, esses caras que falam 200 palavrões por música.

Folha - Há chances de o Placebo trazer a turnê para o Brasil?
Olsdal -
Adoraríamos. Já fomos até sondados. Só vai depender de como o disco vender por aí.



Texto Anterior: Análise: Diva não precisa provar mais nada
Próximo Texto: Cinema: Passado a limpo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.