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Depois de nove meses, sai disco do Placebo no Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
Com nove meses de atraso em
relação ao resto do mundo, as lojas brasileiras recebem na próxima semana o disco "Black Market
Music", do trio inglês Placebo.
Apesar da demora atroz, cabe
aqui o velho ditado do "antes tarde do que nunca".
"Black Market Music", terceiro
álbum da carreira, é o mais bacana do Placebo até aqui. Quando
surgiu, em 96, a banda ficou mais
famosa pela androginia do vocalista Brian Molko do que pelo som
do grupo, um rock fincado no
glam rock dos anos 70, com referências a David Bowie.
Agora, porém, o grupo sente
que a música atrai mais atenção
do que a sexualidade de seus integrantes -a banda abriga um gay,
um bissexual e um hétero.
Com "Black Market Music", o
Placebo pode ter se livrado dos
comentários sobre a sexualidade,
mas arrumou encrenca com representantes da indústria fonográfica britânica.
A música "Special K", que faz
referência a vários tipos de drogas, foi rotulada como "ofensiva"
pela associação.
"Isso nos deixou muito irritados, pois, na verdade, trata-se de
uma música que fala sobre os perigos das drogas, não tem nada de
apologia", disse à Folha o baixista
da banda, Stefan Olsdal, 27, em
entrevista por telefone.
Olsdal falou ainda sobre a possibilidade de a banda vir ao Brasil
ainda neste ano. "Vai depender de
como o disco vender aí", avisou.
Leia, a seguir, trechos da entrevista com o músico.
(CA)
Folha - Vocês já fizeram talvez
uma centena de shows de "Black
Market Music", não? Mudariam
agora algo no disco?
Stefan Olsdal - Parece mentira,
mas não. Achamos que o disco é
uma boa "polaróide" do que estava
rolando com a gente no período
em que o gravamos. Claro que
evoluímos musicalmente durante
os shows, mas a essência do disco
é bem legal mesmo.
Folha - O disco foi direto para o
primeiro lugar em vendas na França e na Grécia. Você chutaria por
que ele foi tão bem nesses países?
Olsdal - França e Grécia têm tradição como fãs de rock. Bandas
como The Cure e Pixies, por
exemplo, sempre foram muito
bem nos dois lugares. Na França,
temos a vantagem de saber a língua, já que eu e o Brian falamos
francês, pois moramos durante
um tempo em Luxemburgo.
Folha - O som de vocês continuam
parecendo muito com coisas antigas de David Bowie. Como foi tê-lo
no palco em alguns de seus shows?
Olsdal - Tinha de me beliscar para acreditar. Amamos o Bowie, ele
é uma grande inspiração. E estava
ali, cantando "Without You I'm
Nothing" junto com o Brian. Foi
sensacional.
Folha - A música "Special K" foi
considerada ofensiva por representantes da indústria fonográfica
britânica. O que é música ofensiva
para vocês?
Olsdal - Achamos repugnante
essa atitude. A música é alerta para os perigos das drogas. Ofensivo
é new metal, esses caras que falam
200 palavrões por música.
Folha - Há chances de o Placebo
trazer a turnê para o Brasil?
Olsdal - Adoraríamos. Já fomos
até sondados. Só vai depender de
como o disco vender por aí.
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