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"HISTÓRIA DO VOTO..."
Sociólogo revê processo eleitoral no país
ESPECIAL PARA A FOLHA
Eu, como tantos outros
eleitores, sou ligado a
tudo o que diz respeito à psicologia do eleitor brasileiro,
o mais jovem do planeta, o
qual vive o seguinte paradoxo: adora votar mas não está
nem aí para o resultado da
eleição. A tendência é converter o processo eleitoral
num gesto lúdico, um jogo
sujeito a palpites, apostas e
estatísticas.
Nestes tempos eleitorais,
tenho perguntado a pessoas
do povão: votou em quem
na última eleição? A resposta
comum é a de não lembrar
nem o nome do candidato.
Acrescente-se a isso a miséria e tudo complica. O voto
para gente pobre é quase
sempre objeto de troca. Venda. Saco de cimento.
É ingenuidade ou mistificação imaginar que o pobre
saiba votar. Na maioria das
vezes vota mal, inclusive vota só nos candidatos endinheirados. E o faz com a esdrúxula justificativa: "votei
no cheio da grana porque já
é rico e não precisa roubar".
Neste livro, o sociólogo Jairo Nicolau nos oferece informações curiosas sobre o voto no Brasil. Em 1932, logo
após a revolução de 30, foi
concedido o direito de voto
às mulheres. Nisso o Brasil
adiantou-se a países como
França, Itália, Japão, Argentina, Suíça, etc. Todavia, foi o
último país a conceder o direito de voto ao analfabeto.
O autor é um entusiasta da
urna eletrônica, pois reduz a
margem dos votos anulados
no preenchimento da cédula
de papel, permite a rápida
apuração e elimina a fraude.
"Hoje os eleitores escolhem os representantes para
os principais postos de poder (presidente, senador, deputado federal, governador,
deputado estadual, prefeito
e vereador) e pouca gente
duvida da legitimidade do
processo eleitoral brasileiro.
As fraudes foram praticamente eliminadas. A urna
eletrônica permite que os resultados sejam proclamados
poucas horas após o pleito.
As eleições são competitivas,
com enorme oferta de candidatos e partidos (média de
30 partidos por eleição)."
A falsificação eleitoral, o
bico de pena e a degola são
coisas do passado, acredita
Nicolau. Mas será isso verdade? Será que não se corre o
risco de um malandro bico
de computador? Desde 1996
o voto da urna eletrônica foi
implantado, mas é neste ano
que poderemos avaliar efetivamente o que vai acontecer
com o pleito presidencial.
Há muita gente que discorda -e não só por uma
razão paranóica da legitimidade do atual processo eleitoral. O custo da campanha.
O formato eleitoral gratuito.
Por que não um horário eleitoral gratuito no rádio e na
TV durante todo o ano? O
fato intrigante é que a democracia do voto, espécie de videovoto, é acompanhado de
uma progressiva despolitização da sociedade. Mas isso
não foi objeto de cogitação e
análise neste livro otimista
sobre o voto no Brasil.
(GILBERTO FELISBERTO VASCONCELLOS)
Gilberto Felisberto Vasconcellos é professor de ciências sociais da Universidade Federal de
Juiz de Fora (MG)
História do Voto no Brasil
Autor: Jairo Nicolau
Editora: Jorge Zahar Editor
Quanto: R$ 14 (84 págs.)
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