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Campos recebe o violão clássico de Manuel Barrueco
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão recebe hoje um dos maiores violonistas clássicos da atualidade. Com
as costas doendo, o cubano Manuel Barrueco, 53, dá recital único
no auditório Cláudio Santoro.
"Sabe, eu estou muito metido
com vinhos ultimamente. Fui arrastar uma caixa na semana passada, e minhas costas não gostaram. Mas a dor está melhorando,
e não vai me impedir de tocar no
Brasil", disse Barrueco à Folha,
por telefone, de Baltimore (EUA).
Sinônimo de elegância e refinamento sonoro, ele nasceu em Santiago de Cuba, em 1952, tendo iniciado os estudos musicais aos oito
anos de idade. Emigrou com a família para os EUA em 1967, para
nunca mais retornar.
"Claro que eu gostaria de ir para
lá de novo", conta. Mas só pretende fazer isso se houver algumas
mudanças no país. "Outro dia, eu
recebi um convite oficial para me
apresentar em Cuba. Daí me
ocorreu que eu prefiro voltar para
lá quando não for mais necessário
eu receber um convite oficial para
tocar em meu país."
Barrueco tocou em Brasília há
alguns anos. Elogiado intérprete
de Villa-Lobos, tem relação de
amizade com os irmãos violonistas paulistas do Duo Assad.
"Aprecio bastante a música brasileira, porque, assim como a cubana, traz uma influência negra
muito forte", compara.
No recital de Campos, contudo,
não estará representada nem uma
nem outra. A primeira parte traz
o barroco do napolitano Domenico Scarlatti e de Leopold Weiss,
além de peças do espanhol Enrique Granados.
Já a segunda metade representa
um ingresso no universo do século 20, com Astor Piazzolla e o britânico William Walton.
"Não há nenhuma idéia por detrás desse programa", afirma.
"Quis oferecer variedade e colocar juntas coisas que soam bem."
Eclético, Barrueco é respeitado
concertista, mas já visitou o repertório popular em álbuns como
"Nylon & Steel", no qual se apresenta ao lado de guitarristas como
Al Di Meola, Steve Morse e o ex-integrante da banda pop The Police Andy Summers, ou "Manuel
Barrueco Plays Lennon and
McCartney", no qual relê o cancioneiro dos Beatles.
Todos esses discos foram lançados pela EMI. Seu álbum mais recente, contudo, saiu pela Koch
Classics, com o nome "Concierto
Barroco".
"Há um livro do escritor cubano
Alejo Carpentier chamado "Concierto Barroco", no qual ele descreve uma "jam session" de compositores barrocos como Scarlatti
e Händel com um percussionista
negro", diz. "Pedi ao compositor
porto-riquenho Roberto Sierra
[nascido em 1953] que escrevesse
uma peça com esse nome, baseada no livro de Carpentier."
Além da carreira de intérprete, o
violonista ainda leciona no Conservatório Peabody, em Baltimore. "É difícil conciliar as atividades
por causa do tempo", narra. "Tenho apenas seis alunos, que recebem 26 aulas por ano. Destas, pelo
menos 16 são minhas, enquanto
as outras acabam ministradas por
outros professores. De qualquer
forma, procuro administrar minha carreira de modo que não fique muito tempo sem revê-los,
porque gosto de dar aulas."
Manuel Barrueco
Quando: hoje, às 21h
Onde: auditório Claudio Santoro (av. Dr.
Luís Arrobas Martins, 1.880, Campos do
Jordão, tel. 0/ xx/12/3662-2334)
Quanto: R$ 50
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