São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2005

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Campos recebe o violão clássico de Manuel Barrueco

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão recebe hoje um dos maiores violonistas clássicos da atualidade. Com as costas doendo, o cubano Manuel Barrueco, 53, dá recital único no auditório Cláudio Santoro.
"Sabe, eu estou muito metido com vinhos ultimamente. Fui arrastar uma caixa na semana passada, e minhas costas não gostaram. Mas a dor está melhorando, e não vai me impedir de tocar no Brasil", disse Barrueco à Folha, por telefone, de Baltimore (EUA).
Sinônimo de elegância e refinamento sonoro, ele nasceu em Santiago de Cuba, em 1952, tendo iniciado os estudos musicais aos oito anos de idade. Emigrou com a família para os EUA em 1967, para nunca mais retornar.
"Claro que eu gostaria de ir para lá de novo", conta. Mas só pretende fazer isso se houver algumas mudanças no país. "Outro dia, eu recebi um convite oficial para me apresentar em Cuba. Daí me ocorreu que eu prefiro voltar para lá quando não for mais necessário eu receber um convite oficial para tocar em meu país."
Barrueco tocou em Brasília há alguns anos. Elogiado intérprete de Villa-Lobos, tem relação de amizade com os irmãos violonistas paulistas do Duo Assad. "Aprecio bastante a música brasileira, porque, assim como a cubana, traz uma influência negra muito forte", compara.
No recital de Campos, contudo, não estará representada nem uma nem outra. A primeira parte traz o barroco do napolitano Domenico Scarlatti e de Leopold Weiss, além de peças do espanhol Enrique Granados.
Já a segunda metade representa um ingresso no universo do século 20, com Astor Piazzolla e o britânico William Walton.
"Não há nenhuma idéia por detrás desse programa", afirma. "Quis oferecer variedade e colocar juntas coisas que soam bem."
Eclético, Barrueco é respeitado concertista, mas já visitou o repertório popular em álbuns como "Nylon & Steel", no qual se apresenta ao lado de guitarristas como Al Di Meola, Steve Morse e o ex-integrante da banda pop The Police Andy Summers, ou "Manuel Barrueco Plays Lennon and McCartney", no qual relê o cancioneiro dos Beatles.
Todos esses discos foram lançados pela EMI. Seu álbum mais recente, contudo, saiu pela Koch Classics, com o nome "Concierto Barroco".
"Há um livro do escritor cubano Alejo Carpentier chamado "Concierto Barroco", no qual ele descreve uma "jam session" de compositores barrocos como Scarlatti e Händel com um percussionista negro", diz. "Pedi ao compositor porto-riquenho Roberto Sierra [nascido em 1953] que escrevesse uma peça com esse nome, baseada no livro de Carpentier."
Além da carreira de intérprete, o violonista ainda leciona no Conservatório Peabody, em Baltimore. "É difícil conciliar as atividades por causa do tempo", narra. "Tenho apenas seis alunos, que recebem 26 aulas por ano. Destas, pelo menos 16 são minhas, enquanto as outras acabam ministradas por outros professores. De qualquer forma, procuro administrar minha carreira de modo que não fique muito tempo sem revê-los, porque gosto de dar aulas."


Manuel Barrueco
Quando:
hoje, às 21h
Onde: auditório Claudio Santoro (av. Dr. Luís Arrobas Martins, 1.880, Campos do Jordão, tel. 0/ xx/12/3662-2334)
Quanto: R$ 50


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