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Baterista carioca, figura célebre da bossa nova, teve derrame cerebral
Músico Dom Um Romão morre aos 79
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Nome importante na bossa nova e um dos maiores bateristas
brasileiros, Dom Um Romão, que
completaria 80 anos em 3 de agosto, morreu na madrugada de ontem, no Rio, vítima de um derrame cerebral. O enterro aconteceu
à tarde, no cemitério de Mesquita
(Baixada Fluminense).
O carioca Dom Um Romão (seu
nome de batismo) iniciou a carreira no final dos anos 40, tocando
em gafieiras, cabarés e rádios. Na
década seguinte, integrou o Copa
Trio e conviveu com os músicos
que gerariam a bossa nova.
O histórico disco "Canção do
Amor Demais" (1958), em que
Elizeth Cardoso cantava músicas
de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, tinha Dom Um na bateria.
Em 1962, participou da primeira
formação do sexteto Bossa Rio, de
Sérgio Mendes, e se apresentou
com o conjunto no Carnegie Hall,
na noite que consagrou a bossa
nova em Nova York.
Foi Dom Um quem levou Elis
Regina, em 1964, para cantar nas
boates do Beco das Garrafas, em
Copacabana, dando um empurrão decisivo na carreira da ainda
desconhecida cantora.
No mesmo ano, o baterista gravou seu primeiro disco solo,
"Dom Um", capítulo importante
na história da música instrumental brasileira, em especial do chamado samba-jazz.
"Ele fundiu, da melhor forma, o
samba de gafieira com o jazz,
criando uma escola. Dom Um fez
uma ponte Rio-Nova York-Los
Angeles que está bem explicada
nesse disco [de 64]", afirmou
Charles Gavin, baterista dos Titãs.
Ao lado de Edison Machado,
Milton Banana, Helcio Milito,
Wilson das Neves e alguns outros,
Dom Um Romão firmou um estilo de bateria que atraiu os ouvidos
norte-americanos, pois incorporava os andamentos do samba aos
movimentos do jazz.
Em 1965, engrenou uma longa
carreira internacional, tocando
com o saxofonista Stan Getz e
com brasileiros que se radicaram
nos EUA, como Astrud Gilberto,
Flora Purim e, na época, Tom Jobim -participou de "Wave" e do
disco de Jobim com Sinatra. Também integrou, nos anos 70, o
Weather Report, um dos principais conjuntos de jazz da época.
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