São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2005

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Baterista carioca, figura célebre da bossa nova, teve derrame cerebral

Músico Dom Um Romão morre aos 79

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Nome importante na bossa nova e um dos maiores bateristas brasileiros, Dom Um Romão, que completaria 80 anos em 3 de agosto, morreu na madrugada de ontem, no Rio, vítima de um derrame cerebral. O enterro aconteceu à tarde, no cemitério de Mesquita (Baixada Fluminense).
O carioca Dom Um Romão (seu nome de batismo) iniciou a carreira no final dos anos 40, tocando em gafieiras, cabarés e rádios. Na década seguinte, integrou o Copa Trio e conviveu com os músicos que gerariam a bossa nova.
O histórico disco "Canção do Amor Demais" (1958), em que Elizeth Cardoso cantava músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, tinha Dom Um na bateria.
Em 1962, participou da primeira formação do sexteto Bossa Rio, de Sérgio Mendes, e se apresentou com o conjunto no Carnegie Hall, na noite que consagrou a bossa nova em Nova York.
Foi Dom Um quem levou Elis Regina, em 1964, para cantar nas boates do Beco das Garrafas, em Copacabana, dando um empurrão decisivo na carreira da ainda desconhecida cantora.
No mesmo ano, o baterista gravou seu primeiro disco solo, "Dom Um", capítulo importante na história da música instrumental brasileira, em especial do chamado samba-jazz.
"Ele fundiu, da melhor forma, o samba de gafieira com o jazz, criando uma escola. Dom Um fez uma ponte Rio-Nova York-Los Angeles que está bem explicada nesse disco [de 64]", afirmou Charles Gavin, baterista dos Titãs.
Ao lado de Edison Machado, Milton Banana, Helcio Milito, Wilson das Neves e alguns outros, Dom Um Romão firmou um estilo de bateria que atraiu os ouvidos norte-americanos, pois incorporava os andamentos do samba aos movimentos do jazz.
Em 1965, engrenou uma longa carreira internacional, tocando com o saxofonista Stan Getz e com brasileiros que se radicaram nos EUA, como Astrud Gilberto, Flora Purim e, na época, Tom Jobim -participou de "Wave" e do disco de Jobim com Sinatra. Também integrou, nos anos 70, o Weather Report, um dos principais conjuntos de jazz da época.


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