São Paulo, segunda, 27 de julho de 1998

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G brilha no final do MorumbiFashion

João Wainer/Folha Imagem
Vestido de dobraduras e recortes da G, que desfilou na última sexta-feira


ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha

Depois de cinco dias de desfiles, terminou na última sexta o MorumbiFashion Brasil, com o lançamento das coleções de primavera-verão das 20 mais importantes confecções brasileiras no Jockey Club de São Paulo (zona sul). As roupas desfiladas chegam às lojas no final de agosto.
E, de tanto querer ser Paris, vivemos mesmo momentos como os do prêt-à-porter francês. Ao menos na entrada. Com mais ou menos o dobro de convites enviados a mais, o desfile da G na sala Tatterhall (onde são feitos os leilões dos cavalos) teve direito a gritaria, confusão, empurra-empurra e vaias, de público e de jornalistas.
E, como também costuma acontecer em Paris, o que veríamos lá dentro compensou. A estilista Gloria Coelho fez uma das mais coesas coleções apresentadas no evento -e uma das mais expressivas de sua longa carreira.
O ponto de partida eram as madras dos clãs da Escócia. Mas, liberta do registro histórico de suas últimas coleções, Gloria lidou com xadrezes e cores para realizar um amplificado estudo de formas. Num desfile enxuto e concentrado, vimos uma criadora trabalhar com sensibilidade e inteligência suas próprias referências de moda.
Fresca, feminina, mais jovem e moderna, a coleção se desdobra em linhas concretas e austeras, mas sem limitações. Nunca uma forma é única ou resumida, mas plurifacetada como um origami.
Ao mesmo tempo, os materiais (gabardine, crepes, malhas) mantêm-se vivos em dobraduras, fendas e assimetrias, nos vermelhos, brancos e cor de pele. A nova silhueta G é alongada, com cintura deslocada e abaixo do joelho.
No mesmo dia, dois momentos do casualwear. A FIT faz um verão mais à vontade e colorido do que nunca, brincando com estampas de flores nos imbatíveis vestidinhos da marca, agora mais retos e -que bom- menos trapézio. O conhecimento de causa da FIT atinge seu melhor momento nos tricôs de flores geométricas.
Já Sommer fez coleção com poucas -e já vistas- idéias, apenas enxugando as calças masculinas e desdobrando mais os esportivos (agora na versão agasalhos escolares). Simpático como sempre, mas incipiente diante da profusão fashion de sua coleção para a Zapping (talvez por isso mesmo, até). O mercado pede mais da percepção do estilista sobre o efervescente segmento streetwear.



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