São Paulo, sábado, 27 de agosto de 2005

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MÚSICA

Em shows em SP, cantora mostra repertório de disco gravado em 2004, cujas canções são voltadas às crianças

Adriana Calcanhotto vira Partimpim e abre a caixa de brinquedos

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
A cantora Adriana Calcanhoto, usando a indumentária do show que exibe a partir de hoje em SP


LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Como qualquer pai sabe, não se deve subestimar as crianças. Adriana Calcanhotto gravou "Adriana Partimpim" em 2004 como um projeto paralelo à sua carreira, sem planos de shows.
Pois o CD já vendeu 80 mil cópias no país -e mais 75 mil em Portugal- e o show homônimo virou febre no Rio, lotando o teatro Carlos Gomes e o Canecão. Foi a outras praças e chega hoje ao CIE Music Hall, em São Paulo.
"Em Brasília, meninas foram ao camarim com um tênis de cada cor dizer: "Eu sempre quis ir assim ao colégio, mas minha mãe não deixa". "Agora vocês podem", eu respondi", diz Calcanhotto, citando a indumentária de Partimpim.
O apelido já existia desde a infância: seu pai a chamava de "Adriana Partimpim", e ela adotou a onomatopéia. O personagem foi criado para realizar um sonho antigo de gravar músicas para crianças. Ela assinou até um contrato como Partimpim, para não misturar com os outros CDs.
"Não seria possível descrever a cara que eles fizeram", brinca a cantora sobre a reação dos executivos à sua proposta de um disco infantil sem seu nome e sua cara -ela usa uma máscara na capa e, também, no início e no fim do show. "Já não me atrevo a prever nada, mas pelo menos mais um disco [como Partimpim] eu vou fazer. Deu tudo muito mais certo do que a gente imaginava", diz.
Não é difícil entender o fascínio que o show exerce sobre as crianças -e adultos. O palco fica abarrotado de brinquedos, que não têm função decorativa. Eles são usados como instrumentos pela cantora e pelos quatro músicos.
Há caixinhas de música, chocalhos, tambores, apitos, um celular de camelô, um sapo, cascos de cavalo, bolinhas de gude, garrafas de plástico e mais um monte de tralhas. Também há uma grande bacia de água, tocada em "O Mocho e a Gatinha".
"Alguns brinquedos eu saí para comprar. Sempre me perguntavam: "É para presente?". "Não, não é." Mas ganhei muitas coisas dos amigos e começamos a experimentar. A cada show ganhamos mais presentes", conta ela, que põe tudo o que ganha no camarim, que enche de crianças depois das apresentações.
"Elas perguntam de tudo. Para onde eu vou depois do show [quando ela é puxada para o teto por cordas], por exemplo, e se eu matei um gato para tirar o rabo", conta ela, referindo-se a uma das correias de seu violão, a que reproduz um grande rabo felino.
Calcanhotto, aliás, tem quatro gatas em casa. Um dos blocos do shows são quatro poemas do livro "Um Gato Chamado Gatinho", de Ferreira Gullar, que ela musicou. Outro poeta do repertório é Vinicius de Moraes, com "O Poeta Aprendiz".
Ainda são interpretadas as dez canções do CD, incluindo "Fico Assim sem Você", sucesso que buscou em Claudinho e Buchecha, e "Lig-Lig-Lig-Lé", marchinha que fez história nos anos 30.
"Gosto de cantar música para criança porque é um território sem lei. Não fica aquela cagação de regra de samba de raiz ou música eletrônica. É classificação livre", diz ela, que já gravou o DVD "Adriana Partimpim".

Adriana Partimpim
Quando:
hoje e amanhã, 3 e 4/9, às 17h
Onde: CIE Music Hall (av. Jamaris, 213, Moema, SP, 0/xx/11/6848-6040)
Quanto: R$ 40 a R$ 80 (crianças até 12 anos pagam meia-entrada)


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