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Dylan se mete em qualquer biboca, conta ex-amigo
Historiador Eduardo Bueno acompanhou o cantor em duas de suas visitas a cidades brasileiras, em 1990 e 91
"Não faça perguntas" foi a única condição imposta pelo empresário para virar amigo do rockstar
DE SÃO PAULO
Entre 1990 e 1998, o jornalista e historiador Eduardo
Bueno viveu o sonho dos fanáticos: foi admitido no pequeno círculo de amigos Bob
Dylan. Uma única condição
imposta pelo empresário:
"Não faça perguntas a ele. Se
quiser falar sobre um assunto, apenas fale, e se Bob quiser, ele conversará."
Tarefa inglória, especialmente para um gaúcho altamente prolífico como Bueno.
Mas foram dias em que o jornalista pôde ver como o artista é de verdade.
ILHA GRANDE
"Logo que o conheci, em
1990 vimos um homem ser
baleado na Barão de Itapetininga, em São Paulo. No Rio
de Janeiro, ele tentou ir a pé
para o show. Se tem uma coisa que o Dylan faz é andar pelas cidades. Não pergunta
nada, sai andando. Não tem
medo e vai entrando em
qualquer bocada. Em geral
tem um segurança, uns dez
metros atrás", conta Bueno.
O historiador conta que
acompanhou Dylan por São
Paulo, Rio, Belo Horizonte e
Porto Alegre. "Ele foi ainda à
serra gaúcha, ao parque das
Agulhas Negras e à Ilha
Grande -acompanhado de
uma jornalista estrangeira
muito gostosa que tinha acabado de conhecer."
Pelo que Bueno conhece
de Dylan, é muito provável
que o artista tenha vindo outras vezes ao Brasil e visitado
todos os lugares mostrados
nos quadros. "Mas nos anos
em que o acompanhei, nunca vi ele desenhando nada,
nem um bloco de rabiscos."
Em 1998, Bueno se posicionou a favor do empresário, que fora demitido por
Dylan. Como castigo, foi expulso do círculo de amigos.
(IVAN FINOTTI)
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