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CRÍTICA ARTES
Pinturas toscas e cheias de clichês parecem de feira de artesanato
FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO
Se não tivessem a assinatura de Bob Dylan, dificilmente as pinturas que o museu dinamarquês exibe estariam lá. Numa feira de arte,
transeuntes, leigos ou especialistas, dariam pouca importância ao conjunto apelidado de "The Brazil Series".
Isso porque tais imagens
estão mais para um exercício
de trabalho manual do que
propriamente artístico.
Seu correto local, sem a
grife Bob Dylan, é claro, seriam feiras de artesanato,
que costumam estar repletas
desse tipo de imaginário ingênuo composto por pinturas figurativas um tanto toscas nos traços simples e muitas cores. É o clichê do clichê.
Mas a temática ajuda a
piorar o que se vê. Arcaico,
rural, miserável e violento é o
retrato do Brasil de quem folheia o catálogo com as obras
da exposição.
Ou, como afirma Kasper
Monrad em um dos textos da
publicação, Dylan apresenta
"temas que refletem um modo de vida que desapareceu
há muito tempo na América
do Norte e na Europa Ocidental quando a industrialização
ganhou terreno". Haja preconceito!
Mas, num mundo cada vez
mais voraz por celebridades,
nada como conhecer outra
faceta do astro favorito, o que
amplia a visitação de museus
e instituições culturais.
Exposição de Bob Dylan
sobre o Brasil, na Dinamarca,
no começo do outono, vai lotar com certeza.
Assim, Dylan junta-se a
uma galeria de outros famosos, como o músico Paul
McCartney ou a atriz Diane
Keaton, que costuma pintar
rostos de palhaços.
Dá para alguém dizer para
essa turma que eles já fazem
parte da história da música e
do cinema e que, se querem
pintar como se fazia no século 19, é melhor mostrar isso
só para a família deles. Os
nossos olhos agradecem.
AVALIAÇÃO péssimo
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