São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2010

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CRÍTICA ARTES

Pinturas toscas e cheias de clichês parecem de feira de artesanato

FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

Se não tivessem a assinatura de Bob Dylan, dificilmente as pinturas que o museu dinamarquês exibe estariam lá. Numa feira de arte, transeuntes, leigos ou especialistas, dariam pouca importância ao conjunto apelidado de "The Brazil Series".
Isso porque tais imagens estão mais para um exercício de trabalho manual do que propriamente artístico.
Seu correto local, sem a grife Bob Dylan, é claro, seriam feiras de artesanato, que costumam estar repletas desse tipo de imaginário ingênuo composto por pinturas figurativas um tanto toscas nos traços simples e muitas cores. É o clichê do clichê.
Mas a temática ajuda a piorar o que se vê. Arcaico, rural, miserável e violento é o retrato do Brasil de quem folheia o catálogo com as obras da exposição.
Ou, como afirma Kasper Monrad em um dos textos da publicação, Dylan apresenta "temas que refletem um modo de vida que desapareceu há muito tempo na América do Norte e na Europa Ocidental quando a industrialização ganhou terreno". Haja preconceito!
Mas, num mundo cada vez mais voraz por celebridades, nada como conhecer outra faceta do astro favorito, o que amplia a visitação de museus e instituições culturais.
Exposição de Bob Dylan sobre o Brasil, na Dinamarca, no começo do outono, vai lotar com certeza.
Assim, Dylan junta-se a uma galeria de outros famosos, como o músico Paul McCartney ou a atriz Diane Keaton, que costuma pintar rostos de palhaços.
Dá para alguém dizer para essa turma que eles já fazem parte da história da música e do cinema e que, se querem pintar como se fazia no século 19, é melhor mostrar isso só para a família deles. Os nossos olhos agradecem.

AVALIAÇÃO péssimo


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