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O cartunista americano, que vem ao Brasil
em outubro, fala à Folha sobre sua carreira e
sobre o personagem que o levou ao sucesso
Jim Davis festeja em SP os 20 anos de Garfield
Reprodução
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Os dois principais personagens das tiras: Garfield e Odie
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PEDRO CIRNE DE ALBUQUERQUE
free-lance para a Folha
Ele não tem gato em casa -sua
mulher é alérgica-, mas é "pai"
de um dos felinos mais conhecidos
do mundo: Garfield. O cartunista
Jim Davis chega em São Paulo em
27 de outubro para comemorar 20
anos de lasanhas, amizade com o
cão Odie e ódio às segundas-feiras.
Em uma passagem de apenas
dois dias pela capital paulista, Davis dará palestras, inaugurará a exposição de comemoração dos 20
anos de Garfield, doará leite para
crianças e carimbará o primeiro
selo brasileiro que celebra o aniversário de seu personagem.
De Albany, Indiana, onde mora,
o norte-americano James R. Davis,
52 anos completos em 28 de julho,
concedeu entrevista à Folha. A seguir, os principais trechos.
Folha - Qual a sua formação e
quando o sr. começou a escrever e
desenhar quadrinhos?
Jim Davis - Estudei administração e artes na Ball State University.
Comecei a desenhar quando ainda
era criança, porque tinha asma e
muitas vezes precisava ficar na cama. Para me distrair, minha mãe
colocou uma caneta e um pedaço
de papel na minha frente e me disse que desenhasse.
Garfield foi criado em 1978. Ele
foi publicado pela United Feature
Syndicate. A primeira tira apareceu em 41 jornais dos Estados Unidos, em 19 de junho de 1978 (hoje o
personagem é publicado em mais
de 2.500 jornais).
Folha - Além de Garfield e seus
coadjuvantes, que outros personagens o sr. criou?
Davis - Nos meus quadrinhos,
já inventei muitos personagens.
Muitas vezes, quando estou trabalhando em um storyboard para
um filme animado, tenho que inventar alguns personagens. Como
vocês devem ter notado, de vez em
quando coloco alguns personagens novos nos quadrinhos, mesmo que eles só façam algumas aparições breves. Esses personagens,
em geral, são inspirados por alguma coisa que eu vi, ouvi ou li.
Criei um personagem chamado
Gnorm Gnat e durante anos tentei
que seus quadrinhos ficassem famosos. Finalmente um editor me
disse: "Insetos? Quem consegue
se identificar com insetos?". Então eu desenhei um pé gigantesco
que desceu do céu e pronto... Esse
foi o fim de Gnorm.
Folha - O que atrai as pessoas
nas histórias do Garfield?
Davis - Acho que há muitas razões. A principal é que ele é divertido. Ele tem as respostas na ponta
da língua, e acho que as pessoas
gostam disso. A segunda é que ele é
um gato. As pessoas gostam de gatos. A terceira é que seu humor está dirigido a duas coisas que atingem as pessoas do mundo inteiro
-independentemente de raça, sexo ou religião-: comer e dormir.
Também acredito que as pessoas
gostam do Garfield porque ele faz
com que elas se sintam menos culpadas. Fomos criados para nos
sentir culpados quando fazemos
coisas de que gostamos. Veja só, há
toda essa pressão para consumir
alimentos pouco calóricos, fazer
exercício etc... Garfield defende o
nosso direito à glutonaria.
Folha - Como o sr. vê o mundo? O
sr. acha que as histórias em quadrinhos podem ajudar a mudar o
pensamento das pessoas?
Davis - Qual é a minha visão do
mundo? Bem, pessoalmente acho
que tenho muita sorte por ser capaz de ganhar a vida fazendo uma
coisa de que realmente gosto. Por
outro lado, moro em uma área rural e muito tranquila, por isso não
tenho nenhum tipo de estresse
causado por forças externas.
Se eu tiver de dizer alguma coisa
sobre o resto do mundo, diria que,
apesar de estarem acontecendo
muitas coisas positivas, como, por
exemplo, muito mais atenção nas
questões ambientais, milagres em
termos de comunicações e computação e mais atenção à vontade
pessoal, também leio os jornais e
vejo as notícias e sei que sou muito
afortunado por morar em um lugar em que a vida é relativamente
simples.
Não tenho muita certeza de que
os quadrinhos possam mudar o
mundo, acho que eles proporcionam um alívio para todas as notícias sérias que nos chegam todos
os dias. Se eu tivesse que enviar
uma mensagem ao mundo, diria
que a vida não é tão ruim. Não deveríamos nos levar tão a sério.
Folha - Desde quando Garfield
está on line na Internet?
Davis - Há pouco mais de um
ano. Seu site é www.garfield.com.
Registramos uma média de 140 mil
visitas por dia. Fizemos pouco
marketing sobre o site, mas a informação passou de boca em boca.
Logo estaremos publicando o endereço do site nas tiras. Esperamos
que as visitas aumentem muito.
Folha - Quadrinhos, Internet, televisão... Em que outros meios de
comunicação poderemos ver Garfield no futuro?
Davis - Gostaria de vê-lo em um
filme de longa-metragem. Talvez
isso aconteça logo. Garfield também participa de espetáculos, especialmente de um show projetado para orquestras sinfônicas. Já
fez turnês pelos Estados Unidos e é
personagem de uma música muito
popular na Alemanha. Também
cantou com The Temptations em
um CD intitulado "Shake your
Paw". O que Garfield fará agora?
Melhor perguntar a ele mesmo.
Quem manda é ele.
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