Mais romântico do que engraçado, "Próxima Parada: Wonderland" tem um pouco de tudo que falta ao cinemão norte-americano: diálogos legais, personagens razoavelmente bem construídos, roteiro até que bem amarrado. Falta, é claro, aquilo que o dinheiro compra, como atores carismáticos e populares, fator que conta e muito em comédias românticas.
Embora os atores que fazem o par central do filme sejam simpáticos e esforçados, os pouco conhecidos Hope Davis e Alan Gelfant não são páreo, nem em bilheteria, nem em carisma, para Julia Roberts & Hugh Grant ou Meg Ryan & Tom Hanks. Talvez por isso o filme seja daqueles que tanto faz ver ou não ver.
Quem optar pelo sim vai encontrar uma história bacaninha. Erin (Davis) acaba de levar um fora do namorado e ganha de sua mãe um anúncio nos classificados pessoais. Movida pela curiosidade, responde a alguns e encontra uma série de sujeitos desprezíveis.
Enquanto isso vai cruzando por acaso com Alan (Gelfant), um bom sujeito solitário. Tudo dá meio errado para Erin, inclusive um breve romance com um brasileiro de anedota (Jose Zuniga), mas, no final, ela acaba caindo literalmente nos braços de Alan.
Para o público brasileiro, há um mesmo elemento de interesse e irritação: a presença constante de referências ao Brasil. O lado bom é a trilha sonora, toda composta por sucessos da bossa nova, que embala com eficiência uma atmosfera nostálgica e melancólica.
O ruim é o personagem brasileiro caricato, que repete os clichês mais batidos sobre o país (praias, Corcovado, "saudade", blablablá) e ainda por cima é interpretado por um ator que pronuncia o português com sotaque característico de falantes de espanhol.
Tipo de descuido que poderia ter sido evitado, sobretudo porque o filme foi rodado em Boston, cidade norte-americana que tem uma enorme colônia brasileira.

Avaliação:   

Filme: Próxima Parada: Wonderland
Diretor: Brad Anderson
Produção: EUA, 1998, 104 min.
Com: Hope Davis, Philip Seymour Hoffman, Callie Thorne
Gênero: comédia/romance