São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"PRIMITIVE"
Despolitizado, Soulfly busca mercado dos EUA

DA REPORTAGEM LOCAL

É triste constatar que o segundo disco do Soulfly, a banda montada por Max Cavalera quando abandonou o Sepultura -uma das bandas mais heróicas do rock nacional- no auge da carreira, em 1997, dá sinais evidentes de estagnação e de retrocesso criativo.
"Primitive", que acaba de ser lançado mundialmente -o grupo está em turnê pelos EUA até o final de outubro, tocando quase todos os dias-, é inferior a seu antecessor, "Soulfly" (98), disco influenciado pelo mangue da Nação Zumbi, furioso, sujo, punk, se comparado à obra-prima "Roots", o último disco do Sepultura com Max à frente.
Em termos musicais, "Primitive" traz novidades, como a presença marcante dos teclados de Toby Wright, a voz de uma cantora soul em "Fly High", Max cantando rap (!!!) em "In Memory of..." -um parêntese: ficou bom-, a participação inusitada de Sean Lennon em "Son Song".
Mas essas "inovações" não soam como um progresso musical de Max e sua banda -que acaba de ganhar guitarrista e baterista novo, ou seja, nem possui formação cristalizada ainda-, mas como tentativa desenfreada de conquistar o mercado norte-americano, que tornou milionários grupos como Korn e Limp Bizkit, chamados porcamente de "rap-metal".
Quanto às letras... Max sempre foi um artista instintivo, nunca fez letras brilhantes, mas, desta vez, abandonou o discurso político que caracterizava suas contribuições ao Sepultura para mergulhar na religiosidade e na afirmação de sua fúria, provocada pela morte de seu enteado, em 96.
(MV)


Primitive    Banda: Soulfly Lançamento: Roadrunner Quanto: R$ 20, em média



Texto Anterior: Forma excelente, conteúdo repetitivo
Próximo Texto: Música: Voltam relíquias das décadas de 70 e 80
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.