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"PRIMITIVE"
Despolitizado, Soulfly busca mercado dos EUA
DA REPORTAGEM LOCAL
É triste constatar que o segundo disco do Soulfly, a
banda montada por Max Cavalera quando abandonou o Sepultura -uma das bandas mais heróicas do rock nacional- no auge
da carreira, em 1997, dá sinais evidentes de estagnação e de retrocesso criativo.
"Primitive", que acaba de ser
lançado mundialmente -o grupo está em turnê pelos EUA até o
final de outubro, tocando quase
todos os dias-, é inferior a seu
antecessor, "Soulfly" (98), disco
influenciado pelo mangue da Nação Zumbi, furioso, sujo, punk, se
comparado à obra-prima
"Roots", o último disco do Sepultura com Max à frente.
Em termos musicais, "Primitive" traz novidades, como a presença marcante dos teclados de
Toby Wright, a voz de uma cantora soul em "Fly High", Max cantando rap (!!!) em "In Memory
of..." -um parêntese: ficou
bom-, a participação inusitada
de Sean Lennon em "Son Song".
Mas essas "inovações" não
soam como um progresso musical de Max e sua banda -que
acaba de ganhar guitarrista e baterista novo, ou seja, nem possui
formação cristalizada ainda-,
mas como tentativa desenfreada
de conquistar o mercado norte-americano, que tornou milionários grupos como Korn e Limp
Bizkit, chamados porcamente de
"rap-metal".
Quanto às letras... Max sempre
foi um artista instintivo, nunca fez
letras brilhantes, mas, desta vez,
abandonou o discurso político
que caracterizava suas contribuições ao Sepultura para mergulhar
na religiosidade e na afirmação de
sua fúria, provocada pela morte
de seu enteado, em 96.
(MV)
Primitive
Banda: Soulfly
Lançamento: Roadrunner
Quanto: R$ 20, em média
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