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MASP
Tema religioso foi escolhido para ser contraponto ao barroco brasileiro
Civilização visual é apelo dos egípcios, diz curadora
DA REPORTAGEM LOCAL
Há pelo 22 anos, a curadora
francesa Elisabeth Delange já está
contaminada pela "febre dos faraós", que invade São Paulo, em
2001. É esse o tempo que ela circula entre as 60 mil peças de arte
egípcia do Museu do Louvre, como uma das conservadoras do setor, o mais visitado do local.
Entretanto, foi passando por
outro museu, o Petit Palais, também em Paris, que Delange escolheu o tema da mostra no Masp.
"Vi a mostra do barroco brasileiro lá e percebi a força da religião
que existe no país, assim foi natural escolhê-la como tema da mostra aqui, pois ela também é o coração da civilização egípcia", disse
anteontem à Folha, durante a
montagem da exposição. Todas
as peças na mostra foram escolhidas por Delange, com exceção das
obras da coleção do Masp e da
Fundação Klabin, selecionadas
por Antonio Brancaglion Jr.
Para Delange, o apelo que mostras sobre o Egito exercem em todo o mundo ocorre por ela ter sido uma "civilização visual". "Até
analfabetos podem penetrar nesse universo", explica.
Por isso, a cenografia da mostra
é a mais discreta possível. Até
mesmo as legendas das imagens
foram colocadas de forma a não
poluir as obras. "O importante é
que cada um, mesmo sem conhecer a história, confie em seu
olhar", afirma Delange.
Para a mostra no Brasil, várias
peças chegaram a ser restauradas
no Louvre, como o conjunto de
sarcófagos de Sutymés, um dos
destaques da exposição, situado
logo na entrada do 2º subsolo.
"São peças muito coloridas, da 21ª
dinastia, no ano 1.000 a.C., época
que a decoração era muito trabalhada", conta Delange. As inscrições nas peças são preces à deusa
Iris. Cinco obras são inéditas até
mesmo no Louvre, nunca tinham
saído de sua reserva técnica.
As peças são de um período bastante abrangente: do século 2.000
a.C. ao século 4 a.C. "É um momento importante para o desenvolvimento das crenças, com a firmação de várias divindades, como Osiris", diz Delange. Outra
das características da curadoria é
a escolha de materiais diversos.
Há desde papiros a esculturas de
três toneladas.
Delange dividiu a mostra em
cinco segmentos: Deuses, Protetores do Rei; Presença Divina,
Multiplicidade dos Deuses; Culto
aos Deuses; Deuses, Protetores
dos Homens; Deuses, Protetores
do Morto e do Além.
A coincidência de duas mostras
do Louvre em São Paulo não pára
nos egípcios. Na próxima semana, serão inauguradas ainda duas
exposições com acervos franceses: "Parade", na Oca, com obras
do Centro Georges Pompidou, e
"Porta do Inferno", com peças do
Museu Rodin. Prepare-se.
(FABIO CYPRIANO)
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