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MASP
"Vamos recorrer da decisão", diz o presidente da instituição, Julio Neves
Iphan deve tombar museu sem contemplar reformas
DA REPORTAGEM LOCAL
Não vai ter festa, e a reforma pela qual o Masp passou nos últimos
cinco anos mudou de nome. Agora é "processo de revitalização",
segundo o presidente do museu, o
arquiteto Julio Neves.
Desde 1997, o Masp passou por
uma reformulação completa. No
total, R$ 20 milhões foram gastos
com as transformações, sendo R$
5 milhões vindos de doações, como o novo elevador. A lista de
mudanças é grande. Mas a polêmica em torno delas também.
A que vem a público nos próximos dias é o parecer sobre o pedido de tombamento do museu,
que está sendo realizado pelo Instituto de Patrimônio Artístico e
Cultural, o Iphan.
Segundo Roberto Saruê, superintendente regional em São Paulo, o relatório que sua unidade
prepara deve apontar para o tombamento do museu, mas com algumas ressalvas, justamente as alterações feitas no local sob a direção de Neves.
"O Iphan deve reconhecer o
Masp como bem de interesse nacional, com algumas exceções, especialmente essa reforma", disse
Saruê, com exclusividade à Folha.
Para realizar o relatório, os técnicos do Iphan pesquisaram o
projeto original de Lina Bo Bardi.
"O importante não é só o prédio,
mas o conceito de Lina; a transparência nas salas de exposição,
uma de suas principais características, foi alterada." Ele se refere ao
segundo piso do Masp, no qual
foram levantadas paredes no lugar dos cavaletes criados por Bardi. Contudo, de acordo com Saruê, o parecer não terá poder para
fazer o museu retornar à sua forma original.
"Cabe recurso a tudo que for decidido pelo Iphan em São Paulo",
argumenta Neves. "Eu sei o que
Lina queria, acompanhei a realização do projeto junto com ela",
justifica. Cita, por exemplo, porque trocou o piso de pedra mineira dos subsolos por granito: "A
pedra foi colocada porque aquele
espaço voltaria ao Trianon [antigo salão de festas da cidade" e com
esse tipo de revestimento ela deu
um golpe neles, pois ninguém poderia dançar: o piso soltava poeira; mas esse material danificava as
obras, era fundamental trocá-lo".
As outras mudanças são também defendidas: "O novo piso no
térreo e o novo elevador são pedidos das associações de deficientes
físicos, que não tinham acesso
adequado ao museu". Já a mais
polêmica das alterações, a retirada dos cavaletes de vidro e concreto, não é definitiva para Neves.
"Apenas deixamos de ser escravos de uma única forma de exposição, os cavaletes podem voltar."
Antes de o Iphan divulgar seu
parecer, deve organizar um debate com a sociedade civil. "Queremos envolver todos os interessados, o Masp é um patrimônio da
cidade", diz Saruê.
(FCy)
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