DA REPORTAGEM LOCAL

A tropicália e a história da música brasileira ficam menos esquecidas a partir deste sábado, após a exibição, pela TV Cultura, do documentário "Rogério Duprat - Oirégor Tarpud", dirigido por Pedro Vieira.
Em 52 minutos, a co-produção entre a Cultura e a Grifa Cinematográfica revisa o passeio do maestro paulista por momentos cruciais da música erudita (no movimento Música Nova), da MPB (fazendo os arranjos de quase tudo que a tropicália produziu em sua origem), do cinema nacional (em cerca de 40 trilhas sonoras) e dos jingles publicitários (compondo para Shell, Arno etc.).
O documentário opta por referências concretistas na edição, faz referências à pop art de Andy Warhol (colorindo artificialmente os rostos da foto original do disco-manifesto "Tropicália - Panis et Circencis", de 68) e traz abundantes depoimentos -do próprio Duprat, hoje com 70 anos, de Décio Pignatari, Willy Corrêa de Oliveira, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee, Tom Zé etc.
Mesmo extensivo, deixa brechas ainda à futura reconstrução da obra monumental de Duprat -não são citadas, por exemplo, suas intervenções na ultracomercial jovem guarda e na obra de artistas em parte antitropicalistas, como a cantora Marília Medalha.
Lembranças lancinantes não faltam, entretanto. Importante arranjador da tropicália, o maestro Damiano Cozzella reaparece após longo divórcio com as câmeras da mídia, em comovente depoimento sobre o colega Duprat.
Mas cabem a Décio Pignatari depoimentos cruciais. "O regime militar foi um triplo desastre para Cozzella e Duprat, porque agravou a calamidade da música de alto repertório no Brasil", diz ele, para mais tarde arrematar, citando a migração do maestro para a publicidade e, depois, para longe do mainstream: "Rogério preferiu a felicidade". Corta para Duprat entre árvores, flores e familiares, ao som da caipira-futurista-tropicalista "2001", na voz dos Mutantes. (PEDRO ALEXANDRE SANCHES)

Rogério Duprat - Oirégor Tarpud     
Direção: Pedro Vieira
Quando: sábado, às 22h30, na Cultura