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Brasil tenta vaga no Oscar com "O Ano..."
Filme de Cao Hamburger sobre garoto separado dos pais na São Paulo dos anos 70 bate "Tropa de Elite", de José Padilha
Divulgação dos finalistas do Oscar acontece em 22 de janeiro; comissão que escolheu o longa decidiu
por unanimidade
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
O Brasil apresentará à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood o
longa-metragem "O Ano em
que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger, como
o seu aspirante a uma vaga na
disputa pelo Oscar 2008 de melhor filme estrangeiro.
A Academia de Hollywood
seleciona a cada ano cinco concorrentes à estatueta, entre
candidatos de mais de 50 países
de língua não-inglesa.
Visto por 357 mil espectadores no Brasil desde sua estréia,
em 2006, "O Ano em que Meus
Pais Saíram de Férias" aborda a
trajetória do garoto Mauro
(Michel Joelsas), que se vê sozinho no bairro do Bom Retiro,
em São Paulo, durante a Copa
de 70, quando seus pais, militantes políticos de esquerda
perseguidos pela ditadura militar, são forçados à clandestinidade. "Estou feliz e sentindo o
peso da "responsa". Não é demagogia. Tem esse aspecto de representar o cinema brasileiro",
disse Hamburger.
A escolha de "O Ano em que
Meus Pais Saíram de Férias"
-entre 18 inscritos- foi feita
por unanimidade, segundo
afirmou ontem o secretário do
Audiovisual, Orlando Senna.
Pressão
"O júri não considerou a
pressão do público e da imprensa com relação a este ou
àquele filme. São especialistas.
Foram escolhidos a dedo", afirmou Senna, ao comentar a derrota do ainda inédito nacionalmente "Tropa de Elite", de José
Padilha. Integraram a comissão de seleção, a convite do Ministério da Cultura, os cineastas Bruno Barreto (que votou
por telefone, de Los Angeles) e
Hector Babenco e os críticos
Ana Paula Sousa, Leon Cakoff,
Rubens Ewald Filho e Pedro
Butcher, da Folha.
"A gente quer que o Brasil ganhe o Oscar. Fomos designados
para escolher um filme que
chegue mais perto da estatueta.
Escolhemos um filme bom, sabendo o que os acadêmicos de
Hollywood que votam em filme
de língua não-inglesa gostam
de escolher, historicamente",
disse Cakoff.
Para Ewald Filho, "não dá
para saber [as chances de indicação de "O Ano...'] antes de ver
a seleção no mundo", mas o crítico está convicto de que "nunca tivemos um filme com os
elementos que agradam à Academia tão claros -criança, velho, política liberal, Brasil com
futebol, a temática judaica e
um pouquinho de sacanagenzinha, que eles também gostam".
Hamburger considera que
seu filme tem "uma comunicação universal", mas diz orgulhar-se da avaliação da comissão de que seu longa "é perfeito" para o gosto dos acadêmicos de Hollywood.
"Não acho isso um demérito.
Vendo os filmes que concorrem a melhor estrangeiro na
Academia americana, se a comissão achou que nosso filme
tem esse perfil, fico orgulhoso."
Fabiano Gullane, produtor
do longa de Hamburger, disse
que irá "pedir o apoio do MinC,
da Agência Nacional do Cinema e do Ministério das Relações Exteriores, conectando
todas as instâncias, para apresentar o filme da melhor maneira possível".
A última das quatro indicações obtidas pelo Brasil ao Oscar estrangeiro foi para "Central do Brasil" (1998). O país jamais venceu na categoria.
A Academia divulgará os indicados ao Oscar 2008 no dia
22 de janeiro. A cerimônia de
entrega das estatuetas será em
24 de fevereiro.
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