São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2007

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Brasil tenta vaga no Oscar com "O Ano..."

Filme de Cao Hamburger sobre garoto separado dos pais na São Paulo dos anos 70 bate "Tropa de Elite", de José Padilha

Divulgação dos finalistas do Oscar acontece em 22 de janeiro; comissão que escolheu o longa decidiu por unanimidade

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O Brasil apresentará à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood o longa-metragem "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger, como o seu aspirante a uma vaga na disputa pelo Oscar 2008 de melhor filme estrangeiro.
A Academia de Hollywood seleciona a cada ano cinco concorrentes à estatueta, entre candidatos de mais de 50 países de língua não-inglesa.
Visto por 357 mil espectadores no Brasil desde sua estréia, em 2006, "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" aborda a trajetória do garoto Mauro (Michel Joelsas), que se vê sozinho no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, durante a Copa de 70, quando seus pais, militantes políticos de esquerda perseguidos pela ditadura militar, são forçados à clandestinidade. "Estou feliz e sentindo o peso da "responsa". Não é demagogia. Tem esse aspecto de representar o cinema brasileiro", disse Hamburger.
A escolha de "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" -entre 18 inscritos- foi feita por unanimidade, segundo afirmou ontem o secretário do Audiovisual, Orlando Senna.

Pressão
"O júri não considerou a pressão do público e da imprensa com relação a este ou àquele filme. São especialistas. Foram escolhidos a dedo", afirmou Senna, ao comentar a derrota do ainda inédito nacionalmente "Tropa de Elite", de José Padilha. Integraram a comissão de seleção, a convite do Ministério da Cultura, os cineastas Bruno Barreto (que votou por telefone, de Los Angeles) e Hector Babenco e os críticos Ana Paula Sousa, Leon Cakoff, Rubens Ewald Filho e Pedro Butcher, da Folha.
"A gente quer que o Brasil ganhe o Oscar. Fomos designados para escolher um filme que chegue mais perto da estatueta. Escolhemos um filme bom, sabendo o que os acadêmicos de Hollywood que votam em filme de língua não-inglesa gostam de escolher, historicamente", disse Cakoff.
Para Ewald Filho, "não dá para saber [as chances de indicação de "O Ano...'] antes de ver a seleção no mundo", mas o crítico está convicto de que "nunca tivemos um filme com os elementos que agradam à Academia tão claros -criança, velho, política liberal, Brasil com futebol, a temática judaica e um pouquinho de sacanagenzinha, que eles também gostam".
Hamburger considera que seu filme tem "uma comunicação universal", mas diz orgulhar-se da avaliação da comissão de que seu longa "é perfeito" para o gosto dos acadêmicos de Hollywood.
"Não acho isso um demérito. Vendo os filmes que concorrem a melhor estrangeiro na Academia americana, se a comissão achou que nosso filme tem esse perfil, fico orgulhoso."
Fabiano Gullane, produtor do longa de Hamburger, disse que irá "pedir o apoio do MinC, da Agência Nacional do Cinema e do Ministério das Relações Exteriores, conectando todas as instâncias, para apresentar o filme da melhor maneira possível".
A última das quatro indicações obtidas pelo Brasil ao Oscar estrangeiro foi para "Central do Brasil" (1998). O país jamais venceu na categoria.
A Academia divulgará os indicados ao Oscar 2008 no dia 22 de janeiro. A cerimônia de entrega das estatuetas será em 24 de fevereiro.


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