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FREE JAZZ FESTIVAL
A atração mais alternativa deste ano toca na única noite
pop que ainda tem ingressos
Laboratório Aphex Twin
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Richard D. James, 31, produtor e
DJ mais conhecido como Aphex
Twin, gosta de passar imagem de
menino mau. Sempre que pode
-em capas de CDs, videoclipes e
fotos promocionais-, aparece
com o rosto deformado, com as
bochechas inchadas, pele grotesca
e um sorrisinho demoníaco.
Hoje à noite, como atração
principal do palco Main Stage, no
Free Jazz, não se sabe o que ele vai
fazer.
Se vai tocar sua "música eletrônica inteligente", ou IDM -do
inglês "intelligent dance music"-, rótulo que ajudou a construir, ou se vai apenas subir ao
palco com uma pilha de LPs e discotecar, como já fez no passado.
O humor ácido de James aparece nas pouquíssimas entrevistas
que concede. Como nesta, dada à
Folha, por e-mail.
James começou a produzir música aos 14 anos. "Dá para acreditar?", comenta, em tom irônico.
O primeiro disco, porém, na
verdade um EP ("Analogue Bubblebath"), saiu somente em 91,
inspirado por artistas pop, quando já tinha 16 anos.
O som? Uma mistura de
drum'n'bass com influências de
Stockhausen e Kraftwerk, que
deixou o mundo da música eletrônica desconcertado.
Desconcertantes são também
seus videoclipes, que ficam a cargo normalmente de seu amigo videoartista Chris Cunningham.
Neles, popozudas de biquíni e bebês costumam aparecer com a cara, devidamente deformada, de
Richard James.
Leia, a seguir, a entrevista com o
produtor.
Folha - Como vai ser o seu show
no Brasil? Você deve fazer um set
de DJ?
Richard James - Terá música
boa. Vou estar lá na frente do palco, com um par de fones de ouvido na cabeça. Haverá, talvez, uma
leve rotação de quadris.
Folha - Você realmente começou
a produzir música eletrônica aos 14
anos de idade?
James - Yep, você acredita? Mas
o primeiro single foi lançado somente em 87, daí eu já tinha 16
anos.
Folha - Que tipo de música te inspirava no começo da carreira?
James - Compositores de vanguarda e artistas pop.
Folha - Seu som mistura
drum'n'bass, ambient e outros elementos e acaba soando bastante
incomum. Como você se refere à
sua música? IDM serve?
James - É só a minha música.
Folha - Que tipo de música atrai a
sua atenção hoje?
James - Música eletrônica. Já ouviu falar de Bernard Parmagiani?
Ele pode ser nosso próximo grande nome da música eletrônica.
Folha - Seus vídeos são bem desconcertantes... Você interfere no
trabalho do seu amigo Chris Cunningham?
James - Trabalhamos juntos,
mas ele não vai poder ir ao Brasil
desta vez.
Que tipo de música você gosta de
dançar?
James - Prefiro ficar tocando o
tempo todo.
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