São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2001

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FREE JAZZ FESTIVAL

A atração mais alternativa deste ano toca na única noite pop que ainda tem ingressos

Laboratório Aphex Twin

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Richard D. James, 31, produtor e DJ mais conhecido como Aphex Twin, gosta de passar imagem de menino mau. Sempre que pode -em capas de CDs, videoclipes e fotos promocionais-, aparece com o rosto deformado, com as bochechas inchadas, pele grotesca e um sorrisinho demoníaco.
Hoje à noite, como atração principal do palco Main Stage, no Free Jazz, não se sabe o que ele vai fazer.
Se vai tocar sua "música eletrônica inteligente", ou IDM -do inglês "intelligent dance music"-, rótulo que ajudou a construir, ou se vai apenas subir ao palco com uma pilha de LPs e discotecar, como já fez no passado.
O humor ácido de James aparece nas pouquíssimas entrevistas que concede. Como nesta, dada à Folha, por e-mail.
James começou a produzir música aos 14 anos. "Dá para acreditar?", comenta, em tom irônico.
O primeiro disco, porém, na verdade um EP ("Analogue Bubblebath"), saiu somente em 91, inspirado por artistas pop, quando já tinha 16 anos.
O som? Uma mistura de drum'n'bass com influências de Stockhausen e Kraftwerk, que deixou o mundo da música eletrônica desconcertado.
Desconcertantes são também seus videoclipes, que ficam a cargo normalmente de seu amigo videoartista Chris Cunningham. Neles, popozudas de biquíni e bebês costumam aparecer com a cara, devidamente deformada, de Richard James.
Leia, a seguir, a entrevista com o produtor.

Folha - Como vai ser o seu show no Brasil? Você deve fazer um set de DJ?
Richard James -
Terá música boa. Vou estar lá na frente do palco, com um par de fones de ouvido na cabeça. Haverá, talvez, uma leve rotação de quadris.

Folha - Você realmente começou a produzir música eletrônica aos 14 anos de idade?
James -
Yep, você acredita? Mas o primeiro single foi lançado somente em 87, daí eu já tinha 16 anos.

Folha - Que tipo de música te inspirava no começo da carreira?
James -
Compositores de vanguarda e artistas pop.

Folha - Seu som mistura drum'n'bass, ambient e outros elementos e acaba soando bastante incomum. Como você se refere à sua música? IDM serve?
James -
É só a minha música.

Folha - Que tipo de música atrai a sua atenção hoje?
James -
Música eletrônica. Já ouviu falar de Bernard Parmagiani? Ele pode ser nosso próximo grande nome da música eletrônica.

Folha - Seus vídeos são bem desconcertantes... Você interfere no trabalho do seu amigo Chris Cunningham?
James -
Trabalhamos juntos, mas ele não vai poder ir ao Brasil desta vez.

Que tipo de música você gosta de dançar?
James -
Prefiro ficar tocando o tempo todo.


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