São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2001

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ARTES PLÁSTICAS

Arte barroca e fotografia contemporânea com temática religiosa ganham mostras no Ashmolean

Acadêmica Oxford rende-se à fé brasileira

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A OXFORD

Uma das cidades com maior tradição acadêmica da Inglaterra, Oxford inaugurou na última quarta duas mostras sobre temática religiosa brasileira. Cerca de 50 peças do barroco e mais 35 imagens de cinco fotógrafos contemporâneos tendo por tema a fé estão expostas no Ashmolean Museum, um dos mais antigos, senão o primeiro do mundo.
"Não queremos nos vangloriar, mas certamente esse é o primeiro museu com formato moderno, fundado em 1683, com o objetivo de educar um público e criar um acervo abrangente", disse à Folha Catherine Whistler, curadora da mostra no Ashmolean.
Whistler veio ao Brasil no ano passado, para visitar a Mostra do Redescobrimento e dela partiu a idéia das duas exposições. "O barroco brasileiro é único e desconhecido na Inglaterra, um dos únicos casos onde o patronato veio também de escravos, e não apenas de famílias ricas", disse a curadora. Ela refere-se às irmandades religiosas que comissionavam obras com imagens de santos negros, várias delas na mostra. Também fez a curadoria da mostra, denominada "Opulência e Devoção", a diretora do Museu de Arte Sacra paulista, Mari Marino.
As imagens barrocas ocupam duas salas do museu inglês, em pisos diferentes. Uma delas é dedicada apenas a obras em prata e relicários. "É a nossa sala dos tesouros", disse Whistler.
Além do barroco, cinco fotógrafos brasileiros apresentam imagens com temática religiosa na mostra "Atos de Fé". "São ensaios que vão além de uma visão antropológica, busquei traçar também um panorama contemporâneo da produção nacional", disse Anna Carboncini, curadora da exposição e também responsável pela coleção Pirelli-Masp.
O único fotógrafo a participar da abertura foi Christian Cravo, que comemorava a bolsa que recebeu da Fundação Guggenheim e prepara imagens da Índia e do Haiti, também com temática religiosa. "A série que apresento em Oxford é fruto de dois anos de trabalho no sertão nordestino, entre 1998 e 2000", disse Cravo.
Participam ainda da mostra, que também teve curadoria de Elizabeth Edward, do Pitt Rivers Museum, da Universidade de Oxford, os fotógrafos Adenor Gondim, Antonio Saggese, José Bassiti e Tiago Santana.
Da mesma forma que nos Estados Unidos, a Inglaterra recebe diversas mostras de arte brasileira, todas patrocinadas pela associação BrasilConnects. Até o último dia 21, o Museu de Arte Moderna de Oxford apresentou "Experiment Experiência", com obras de 18 artistas brasileiros, desde os neoconcretos Hélio Oiticica e Lygia Clark até os contemporâneos Ernesto Neto e Jac Leirner. A mostra recebeu várias críticas positivas nos jornais ingleses.
Já o Fitzwillian Museum de Cambridge, apresenta a mostra "Heroes and Artists", sobre arte popular e cangaço. Finalmente, o Kew Gardens, de Londres, apresenta as aquarelas da inglesa Margareth Mee sobre a flora brasileira. Haja mostra para inglês ver.


O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite da associação BrasilConnects



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