São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

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"Nove de Frevereiro 2" quer reelaborar o frevo

Começa hoje em SP minitemporada do segundo volume de "Nove de Frevereiro"

O músico, apaixonado pelo estilo musical, diz que o frevo é respeitado, mas pouco conhecido até mesmo pelos recifenses

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O frevo é verbo e devoção na trajetória de Antonio Nóbrega. Aos 54 anos, ele canta, toca e dá "alicates", "cruzetas", "mugangas" , "pernadas" e "serrotes" com a energia de um garoto de bloco do Recife.
Seu novo passo em homenagem ao gênero é o segundo CD do projeto "Nove de Frevereiro", cujo espetáculo homônimo cumpre temporada de três semanas em São Paulo, a partir de hoje, no Sesc Pinheiros. O músico, dançarino e ator lançou o primeiro volume em fevereiro passado. O segundo também prepara o terreno para a data simbólica dos cem anos do gênero -em 9 de fevereiro de 1907 cravou-se pela primeira vez a palavra "frevo" no "Jornal Pequeno do Recife".
É o que explica o musicólogo Samuel Valente no encarte que acompanha o disco (e traz nomenclatura dos passos, lista cerca de 130 nomes do cancioneiro pernambucano e ensaios fotográficos de Pierre Verger e Walter Carvalho).
O projeto de Nóbrega ambiciona a "reelaboração" do frevo à luz da contemporaneidade, por meio de timbres, arranjos, cores e temperamentos outros. Leia trechos da entrevista.

 

OS DOIS VOLUMES
Normalmente, os frevos-de-rua [instrumental] e os frevos-canções [cantado] são tocados por uma orquestra constituída de saxofones, trompetes, trombones, percussão, guitarra e baixo. No primeiro CD, trabalhei um pouco esse universo, decodifiquei a orquestra tradicional. Fiz uma música só com os saxofones, outra só com trompetes e trombones. Neste segundo volume, trago os conjuntos mais diferentes possíveis e proponho frevos em arranjos bastante ousados, como "Brincando com o Clarinete", de Lourival Oliveira, que toco com o Sujeito a Guincho.

PEQUENO NOTÁVEL
O frevo é um gênero respeitado, mas pouco e mal conhecido. Até em Recife. Mesmo os frevos de rua, conhecemos em média três deles. É claro que aquela música está no ouvido do cidadão, principalmente o de Recife, mas o conhecimento formal ainda é pouco.
Uma das razões que atribuo a isso é que o frevo é visto muito como uma manifestação regional e sazonal. Houve um momento historicamente rico [anos 50 e 60] quando existia em Recife uma das maiores gravadoras do país, a Rozenblit.
Através dela, se conheceu muito o frevo. As rádios programavam os frevos em outubro e, no Carnaval, todo mundo sabia os frevos-canções. Tudo isso foi desaparecendo.

DESLIMITES
Estou aproveitando a data simbólica dos cem anos do frevo para dar mais visibilidade ao gênero. Uma tentativa de fazer com que o Brasil conheça mais o que chamo de instituição cultural, uma manifestação tão rica que transcende os limites de um gênero musical ou dança.

O SHOW
O espetáculo está mais maduro em relação àquela primeira versão que apresentamos, em fevereiro, no lançamento do primeiro CD. Estou com 19 músicos, cinco cantoras e quatro dançarinos. É grande a engenharia para organizar tudo isso no palco. É um aparato bastante requintado, temos violão, cavaquinho, banjo, bandolim de cordas, além dos trombones, trompetes etc.

NOVE DE FREVEREIRO 2
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel. 0/xx/ 11/3095-9400)
Quando: sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h. Até 12/ 11.
Quanto: R$ 10 a R$ 20



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