São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

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Crítica

Didatismo é um preço necessário

DA SUCURSAL DO RIO

Se no início do ano, no primeiro "Nove de Frevereiro", Antonio Nóbrega priorizou os grandes mestres do frevo, agora, no segundo volume, a sua presença como compositor é bem mais efetiva e a ser ressaltada.
"Fervo", a faixa de abertura, e "Festim", ambas parcerias com Wilson Freire, são ótimos exemplares do gênero, nos quais Nóbrega mostra que consegue dar sangue novo a uma tradição centenária.
Esses dois são casos de frevo-canção, os que têm letra, enquanto "Tirando a Casaca", composição de Nóbrega gravada com o tradicional Quinteto da Paraíba, é um frevo-de-rua, instrumental.
Embora siga firmemente esses conceitos, procurando, inclusive, alternar no CD os dois tipos de frevo, Nóbrega subverte as formações mais previsíveis do gênero.
Interpreta o frevo-canção "Por Quem os Blocos Cantam" (Getúlio Cavalcanti) sem sopros, com um arranjo delicado, para o qual contribui a participação do Quinteto Villa-Lobos. Já o instrumental "Corisco" (Lourival Oliveira) leva apenas violino (de Nóbrega) e percussões de Gabriel Almeida.
Várias das faixas têm a participação da Orquestra de Frevo, do maestro Spok, que com apenas 36 anos já é um dos principais nomes do gênero. Seus sopros criam alguns dos momentos mais inventivos e animados do CD.
Mestres do gênero como Capiba e José Menezes não faltam no CD. Assim como não faltam a preocupação didática que o multiartista tem ao gravar os ritmos tradicionais do Nordeste. Tanto didatismo chega a cansar, mas talvez seja o preço a se pagar pela pouca informação que temos hoje. (LFV)


NOVE DE FREVEREIRO - VOL. 2
     Artista: Antonio Nóbrega
Lançamento: independente (distribuição Trama)
Quanto: R$ 32,90, em média




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