|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Didatismo é um preço necessário
DA SUCURSAL DO RIO
Se no início do ano,
no primeiro "Nove
de Frevereiro", Antonio Nóbrega priorizou
os grandes mestres do frevo, agora, no segundo volume, a sua presença como
compositor é bem mais
efetiva e a ser ressaltada.
"Fervo", a faixa de abertura, e "Festim", ambas
parcerias com Wilson
Freire, são ótimos exemplares do gênero, nos
quais Nóbrega mostra que
consegue dar sangue novo
a uma tradição centenária.
Esses dois são casos de
frevo-canção, os que têm
letra, enquanto "Tirando a
Casaca", composição de
Nóbrega gravada com o
tradicional Quinteto da
Paraíba, é um frevo-de-rua, instrumental.
Embora siga firmemente esses conceitos, procurando, inclusive, alternar
no CD os dois tipos de frevo, Nóbrega subverte as
formações mais previsíveis do gênero.
Interpreta o frevo-canção "Por Quem os Blocos
Cantam" (Getúlio Cavalcanti) sem sopros, com um
arranjo delicado, para o
qual contribui a participação do Quinteto Villa-Lobos. Já o instrumental
"Corisco" (Lourival Oliveira) leva apenas violino
(de Nóbrega) e percussões
de Gabriel Almeida.
Várias das faixas têm a
participação da Orquestra
de Frevo, do maestro
Spok, que com apenas 36
anos já é um dos principais
nomes do gênero. Seus sopros criam alguns dos momentos mais inventivos e
animados do CD.
Mestres do gênero como
Capiba e José Menezes
não faltam no CD. Assim
como não faltam a preocupação didática que o multiartista tem ao gravar os
ritmos tradicionais do
Nordeste. Tanto didatismo chega a cansar, mas
talvez seja o preço a se pagar pela pouca informação
que temos hoje.
(LFV)
NOVE DE FREVEREIRO - VOL. 2
Artista: Antonio Nóbrega
Lançamento: independente
(distribuição Trama)
Quanto: R$ 32,90, em média
Texto Anterior: "Nove de Frevereiro 2" quer reelaborar o frevo Próximo Texto: Johnny Alf canta com Alaíde Costa Índice
|