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Glória Menezes vive Maude, uma jovem de 80 anos
História de amor entre mulher idosa e rapaz é enredo da peça "Ensina-me a Viver", que estréia hoje no teatro Faap
O pernambucano João Falcão dirige oito atores em cena, entre eles Fernanda de Freitas e Augusto Madeira, do elenco de "Tropa de Elite"
CHANTAL BRISSAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O ator Arlindo Lopes, 28, ainda não tinha nascido quando
Colin Higgins escreveu "Harold and Maude" (1971), que virou cult e teve várias versões
para cinema e teatro no mundo
todo. Mas o jovem foi o estopim
para a realização da peça "Ensina-me a Viver", que estréia hoje
no teatro Faap. Arlindo viu o
filme dirigido por Hal Ashby
aos 9 anos e se encantou.
A paixão entre Harold, um
garoto que freqüenta funerais e
simula suicídios, e Maude, uma
"jovem" de quase 80 anos, fascinou o ator carioca. "Esse
enredo me marcou. Tanto que,
aos 18, decidi que um dia iria
produzir a peça e encarnar o
Harold", disse à Folha, depois
de um ensaio geral.
Em 2003, ele comprou os direitos da peça e saiu em busca
de uma produtora e uma equipe. Convidou o diretor pernambucano João Falcão e em
seguida descobriu que a atriz
Glória Menezes sonhava interpretar Maude, a encantadora
senhora-menina da história.
"Espero conviver com essa
personagem durante muito
tempo", diz Menezes, 74, com
seu vestido em tons de verde,
peruca à la Shirley Temple e
chapeuzinho. "Ela é ao mesmo
tempo fascinante e amoral, celebra a vida."
No palco, Maude, com sua leveza e simplicidade, tira o jovem Harold de sua bizarra obsessão. A paixão que acontece entre eles é natural, nada forçada. A cenografia e a iluminação,
bem pontuadas, ajudam no desenrolar da história, bem como
a direção de João Falcão, que
adaptou o texto traduzido por
Millôr Fernandes.
Falcão conduz 13 personagens representados por oito
atores, entre eles nomes conhecidos, como Ilana Kaplan,
na pele da ególatra Helena
Chasen, mãe de Harold, e Augusto Madeira.
Menezes passeia com tranqüilidade e disposição pelas cenas, emprestando muito de sua
verve à personagem. Como diz
o diretor, a atriz "é louca no
bom sentido". "Quando recebi
o convite do Arlindo, pensei
imediatamente na Glória para
viver essa personagem. Ela tem
a alegria, um lado meio engraçado, de menina. Sua personalidade tem muito a ver com
Maude", diz Falcão.
"Ela é deliciosa. Quando assisti ao filme nos anos 70 me
perguntei se um dia teria condições físicas e mentais para
interpretá-la. É uma realização
estar na pele dela, 30 anos depois", diz a atriz, que acaba de
completar 50 anos de carreira.
Caça-talentos
Uma jovem atriz que surpreende no espetáculo é Fernanda de Freitas, que interpreta as três pretendentes que a mãe quer empurrar para Harold. Ela estreou na novela global "Coração de Estudante" e
debutou no cinema em "Cidade
Baixa" (fez também "Tropa de
Elite"). "Ela é uma revelação",
diz Falcão, confirmando o seu
olho clínico para descobrir novos talentos.
Foi ele quem arregimentou
alguns dos nomes mais expressivos da dramaturgia brasileira,
caso dos baianos Wagner Moura e Lázaro Ramos, seus parceiros em "A Máquina".
O texto escrito nos anos 70
não perdeu o frescor. "Tenho
duas filhas adolescentes e vejo
como os jovens estão perdidos,
angustiados, com medo. A peça
fala do desapego e da alegria. E
mostra como os mais velhos
podem ensinar", nota.
ENSINA-ME A VIVER
Quando: estréia hoje, às 21h30; sex.,
às 21h30; sáb., às 21h, e dom., às 18h;
até 16/12
Onde: teatro Faap (r. Alagoas, 903, tel.
0/xx/11/3662-7233)
Quanto: de R$ 70 a R$ 80
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