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THRILLER
Pantanal best seller
RODOLFO LUCENA
Editor de Informática
Houve fanfarra, pompa e circunstância na
imprensa norte-americana
-e internacional- quando, em fevereiro passado, o ex-advogado John Grisham lançou sua décima novela estrelada por advogados.
Não era para menos. Um dos
maiores vendedores de livros do
mundo, com mais de 110 milhões
de exemplares vendidos, Grisham
é sinônimo de sucesso editorial e
cinematográfico -seis de seus
romances viraram filmes, como
"Tempo de Matar" e "A Firma".
"O Testamento", a bola da vez,
chegou arrasando. A primeira
edição norte-americana teve quase 3 milhões de exemplares e superou em vendas, no primeiro
dia, o sucesso anterior ("O Advogado"). Para os leitores brasileiros, que agora encontram a tradução nas livrarias, traz uma atração
extra: boa parte da ação é ambientada no Brasil, no Pantanal.
Na verdade, falar de "ação" em
"O Testamento" é um pouco força de expressão. Essa é, de longe, a
novela mais fraca já criada por
Grisham, um especialista em tramas cheias de tensão e conflito.
A história começa muito bem,
com dois capítulos narrados na
primeira pessoa pelo multibilionário Troy Phelan.
Ele contabiliza suas posses e
seus fracassos e resume, em duas
frases, a situação que vai ser o motor de "O Testamento": "Não me
dou bem com minhas três ex-mulheres nem com meus filhos. Hoje
eles vão se reunir aqui, porque estou morrendo e está na hora de
dividir o dinheiro".
A introdução termina com uma
pitada de surrealismo, pouco comum nos livros de Grisham, com
Phelan narrando seu próprio salto para a morte.
A partir daí, Grisham assume a
narrativa. Em resumo, o biliardário deixou sua fortuna para uma
filha gerada fora do casamento,
desconhecida, até então, e vivendo em lugar incerto. Para as ex-mulheres, nada. Para os seis filhos
conhecidos, o suficiente para que
pagassem as dívidas, desde que
não contestassem o testamento.
É claro que a primeira coisa que
os filhos, mistura de fracassados
com gananciosos e pervertidos,
fizeram foi contratar advogados
para contestar o testamento: US$
11 bilhões estavam em jogo.
Para defender a vontade do
morto, seus representantes legais
saem em busca da herdeira, Rachel Lane, que vive no Brasil, é
uma missionária e faz suas boas
ações entre índios, no Pantanal.
O encarregado da missão é o advogado Nate O'Riley, especialista
em contendas nos tribunais, mas
um fracasso na vida, entregue ao
alcoolismo e recorrentemente em
busca de recuperação. Solitário,
sem contato com suas ex-mulheres e os filhos, sai de uma clínica
para enfrentar a jornada.
O que se vê a seguir está mais
próximos de romances religiosos,
em que desencaminhados contam seu encontro com Deus, do
que dos primeiros e melhores romances de Grisham, ele próprio
um missionário que já visitou o
Brasil e o Pantanal várias vezes.
A cena brasileira, com hospitais
miseráveis e personagens indefectíveis, deve agradar a norte-americanos interessados em lugares exóticos. Mas a busca da herdeira, os cenários, a dicotomia
Pantanal-EUA, tudo não passa de
pano de fundo para a jornada de
um homem perdido que encontra
forças para derrotar seu vício, encontra a paz e Deus movido pelo
exemplo da herdeira bilionária
que dedica a vida ao próximo.
Para completar, a revisão é lamentável. Além de pelo menos
um erro de concordância, o uso
da vírgula é peculiar e, muitas vezes, errado.
Avaliação:
Livro: O Testamento
Autor: John Grisham
Lançamento: Rocco
Quanto: R$ 25, em média (440 págs.)
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