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Mônica Bergamo
@ - bergamo@folhasp.com.br
PHILIPPE DHALLUIN
João Sal/Folha Imagem
![](../images/i2711200702.jpg) |
Dhalluin, do Mouton Rothschild, em jantar no Morumbi |
"Se o brasileiro quiser vinho francês barato, terá de ir à França"
Depois de Aubert de Villaine,
do Domaine de la Romanée
Conti, que se reuniu com banqueiros, empresários e apreciadores de vinhos em SP no mês
passado, o enólogo chefe e diretor da Mouton Rothschild, Philippe Dhalluin, passou pela cidade para um dia de degustações. Ele se encontrou com 30
enófilos e comandou um jantar
-a R$ 480 cada um dos 20 convites- no restaurante Eau, no
Morumbi. Na carta da noite,
quatro vinhos: do Château
d'Armailhac Grand Cru Classé,
de R$ 245, ao Château Mouton
Rothschild, de 1990, a chamada
"safra mágica" -que não sai
por menos de R$ 4.000 a garrafa, com rótulo assinado por
Francis Bacon. No menu, bacalhau ao creme de trufas, escalope de foie gras com figo e banana caramelizada, carré de cordeiro e biscoitinhos de amêndoas e uvas brancas. Antes do
jantar, o enólogo falou à coluna:
FOLHA - Em visita a SP, Pierre Lurton, diretor do Château Cheval
Blanc e do Château D'Yquem, disse
que poderá faltar champanhe no
mundo, já que a produção é limitada e o consumo explodiu em países
como China, Rússia e Índia. O mesmo pode acontecer com o vinho?
PHILIPPE DHALLUIN - É sempre
possível. Mas quando a demanda sobe, o que fazemos? Subimos o preço. É isso: já que não é
possível aumentar a produção,
subiremos o preço, claro.
FOLHA - Isso não tornará o consumo mais restrito e elitista?
DHALLUIN - Sim, o consumo é
cada vez mais restrito e elitista.
C'est la vie [É a vida].
FOLHA - O Brasil é um bom mercado para os vinhos da Mouton?
DHALLUIN - É o primeiro mercado da Mouton na América Latina, até porque é o país mais populoso.
FOLHA - Mas a população brasileira
em geral não compra vinho.
DHALLUIN - É claro que não.
Mas há uma pequena população da elite que pode consumir
e que compra. O vinho é um
produto de luxo e o consumidor brasileiro é do tipo que se
interessa cada vez mais. O problema do Brasil são os impostos. Aqui, o vinho francês tem...
tem... [pede ajuda a um importador que está no jantar] Quanto de imposto? É, é isso: 116%
até chegar ao consumidor. Um
vinho que custa 30 na França, eu vejo aqui por mais de
100. Enfim, se o brasileiro
quiser vinho francês barato, terá de ir à França.
FOLHA - O que o senhor acha do crítico Robert Parker, que distribui notas aos vinhos e é acusado de criar
uma ditadura do gosto?
DHALLUIN - Robert Parker é a
referência mundial em vinhos,
como o Guide Michelin, de restaurantes, na França. É um
guia. Se você está em SP, por
exemplo, num hotel de prestígio ou com amigos numa boa
casa, e quer beber um vinho de
alto nível, pode recorrer ao Robert Parker. Encontro com ele
três, quatro vezes por ano,
quando ele visita o château. Ele
nos deu a nota máxima, distinguiu o Mouton de todos os outros vinhos. O que posso dizer?
Ele não obriga ninguém a escolher este ou aquele vinho.
FOLHA - Muitos no Brasil dizem
que aqui se consome vinho mais por
exibicionismo que por prazer. O que
o senhor acha?
DHALLUIN - É o que eu disse:
nossos vinhos são um produto
de luxo. É a mesma coisa que se
perguntar por que as pessoas
usam óculos Yves Saint Laurent, sapatos Prada, ou um relógio de ouro para ver as horas...
A resposta é: você ama seus sapatos Prada e pronto.
QUESTÃO DE DIREÇÃO
Depois de meses em elaboração, o abaixo-assinado de artistas plásticos, galeristas, entre
outros, que pedem mudanças
na direção do MuBE, será entregue hoje à prefeitura. O documento será acompanhado de
um dossiê com eventos particulares realizados no museu e as
razões pelas quais os 2.200 nomes (como Lisette Lagnado, Regina Silveira e Agnaldo Farias)
pedem que o MuBE, que chegou
a ser apelidado de "Museu Brasileiro de Eventos", seja dirigido
pela prefeitura.
IDÉIA INICIAL
Se assumir o museu, a Secretaria Municipal de Cultura tem
dois planos: o primeiro -e mais
forte- é retomar a idéia inicial
do espaço, de exposição e acervo
de esculturas; o segundo prevê o
uso do local para sediar a Pinacoteca Municipal.
ARGUMENTO
O governador da Bahia, Jaques Wagner, disse à coluna não
acreditar que a tragédia do estádio Fonte Nova e a sua provável
demolição afetará a candidatura de Salvador para ser uma das
sedes da Copa 2014. "Na Inglaterra, já demoliram um estádio
tradicional [Wembley] e construíram um novo, em condições
de abrigar uma Copa. Poderemos usar o mesmo argumento."
NO CAMPO ERRADO
A tragédia da Fonte Nova passou bem perto do ministro Orlando Silva, do Esporte. A irmã
dele, Ilka de Jesus, estava no estádio quando houve a queda da
arquibancada.
LEVA EU
Os jogadores que vencerem o
prêmio Craque Brasileirão, da
CBF, terão de subir ao palco do
Teatro Municipal do Rio com
Zeca Pagodinho. Cada um será
escalado para tocar um instrumento de percussão na música
"Deixa a Vida me Levar".
BÍBLIA, MILLÔR E JUROS
A Promotoria do Consumidor de SP abriu inquérito civil
para apurar quais bancos e financeiras cobram juros abusivos em empréstimos para pessoa física. O órgão pediu ao BC
informações sobre quais instituições praticaram, nos últimos cinco anos, taxas no mínimo 30% acima da média do
mercado. Na portaria que instaura o inquérito, os promotores transcrevem uma passagem
bíblica proibindo a cobrança de
juros e citam uma frase de Millôr Fernandes: "Além de ir pro
inferno só tenho medo de uma
coisa: juros bancários".
CONCURSOS
Enquanto Kaká, do Milan,
está na disputa para ser eleito o
melhor jogador do mundo pela
revista "France Football", sua
mulher Caroline Celico conquistou um primeiro lugar: foi
considerada a mulher de jogador mais bonita da Europa por
leitores do jornal "La Gazzetta
dello Sport", um dos diários esportivos mais importantes do
continente.
DOR DE DENTE
A inauguração de uma luxuosa clínica odontológica na Vila
Nova Conceição incomodou os
moradores do bairro. A associação local alega que os 1.000 m2
da clínica são incompatíveis
com a zona estritamente residencial do endereço. O proprietário Marcelo Kyrillos contesta: "Consultei a prefeitura e
estamos corretos porque prestamos serviços e não vendemos
produtos". Segundo a associação, o local poderia ter, no máximo, 250 m2. O caso está em
análise na prefeitura.
IMORTAIS NA PRAIA
Seis membros da Academia
Brasileira de Letras vão a Fernando de Noronha, na primeira
semana de dezembro. Querem
entregar uma doação de 500 livros à escola do arquipélago.
CURTO-CIRCUITO
O ESTILISTA Jum Nakao vai puxar uma carroça hoje, durante a
abertura de uma exposição coletiva de artes em Brasília.
O CHEF FRANCÊS Bruno Oger, do Hotel Majestic, visita hoje o
restaurante Cantaloup para degustar menu de frutos do mar.
"VIDA PROFISSIONAL" é o tema do debate de hoje, no Porão das
Artes, mediado por Soninha Francine, com Betania Tanure.
O JOALHEIRO Mario Pantalena lança hoje nova linha de jóias
com festa na suíte do Hotel Fasano ao som da DJ Julia Petit.
SAPATOS E BOLSAS desenhados por Clarissa Schneider serão
lançados hoje, na loja Firma Casa, no Jardim Europa.
com AUDREY FURLANETO, DIÓGENES CAMPANHA e DÉBORA BERGAMASCO
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