São Paulo, sexta, 27 de novembro de 1998

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"MUNDÃO"
Banda Drugstore abre hoje megaevento do Sesc

Lili Martins/Folha Imagem
A banda britânica Drugstore, que participa do festival no Sesc


PATRICIA DECIA
da Reportagem Local

Drugstore, a "farmácia musical" montada no Reino Unido pela brasileira Isabel Monteiro, 33, faz uma dupla estréia, hoje à noite, em São Paulo: abre o megaevento "Mundão", do Sesc (é a primeira das atrações principais), debutando em palcos nacionais.
A vinda ao país tem gosto de "volta por cima", diz Isabel. Com cinco anos de existência, a banda (formada pelo guitarrista Daron Robinson, o baterista Mike Chylinski e o violoncelista Ian Burge) lançou seu segundo álbum em 98, com a participação especial de Thom Yorke, do Radiohead, na faixa "El President". A seguir, trechos da entrevista em que Isabel fala sobre a banda e o show de hoje.

Folha - Você foi a Londres na incerteza, na aventura. Agora é a volta por cima?
Isabel Monteiro -
Com certeza, qualquer pessoa que encontrou dificuldades, como eu, sentiria isso. Minha família não dava um tostão quando eu fui. Ninguém acreditava que era o jeito certo de fazer as coisas. E agora está ai, deu. Há alternativas. As pessoas acham que tem um lado muito glamouroso, mas não é só isso. Há muito trabalho e um lado triste também.
Folha - Qual é esse lado triste?
Isabel -
A melhor coisa que nós fizemos foi lançar o primeiro single independente. Isso mostra que a nossa atitude é fodam-se as gravadoras. O difícil é compor uma música que seja digna. Tivemos altos e baixos nesses cinco anos, mas o vento estava a nosso favor.
Folha - E onde, na carreira, você situa "White Magic For Lovers"?
Isabel -
Eu estou muito feliz com o álbum, mas ainda não gravei o disco que me satisfaça completamente, aquele que vai fazer sentido para mim quando eu tiver 50 anos, que ultrapasse os modismos, as mudanças da tecnologia, como o melhor trabalho de John Lennon ou do Velvet Underground. Ambições eu tenho, não sei se tenho capacidade e talento.
Folha - Como foi trabalhar com Thom Yorke?
Isabel -
Foi um puta prazer. Eu e o Thom Yorke temos coisas em comum, somos baixinhos e problemáticos. E baixinho é como cachorro pequeno: precisa aprender a latir mais alto para sobreviver. Quando fiz "El President", a banda não gostou muito. Aí mandei para o Thom. Ele disse: "É lindo! Quero ser o presidente". Ninguém lá estava muito ligado em Salvador Allende, essas coisas. Mas aí o Pinochet foi preso exatamente em Londres! Demos muita sorte.
Folha - Vocês já têm uma idéia de como vai ser o show do "Mundão"?
Isabel -
A gente sempre improvisa muito. O resultado é que temos shows bárbaros e outros que são coisas terríveis. Depende de quanto vinho eu tomar.



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