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RELÂMPAGOS
Sombra gentil
JOÃO GILBERTO NOLL
Ela entra na cabine de fotografia. Lá dentro, num súbito, esquece o que deveria fazer no cubículo apertado,
quase 40 graus. Parece que
não sabe mais como seguir
as várias sequências do dia.
Mas não aguenta ficar sem
função no espaço sufocante.
Tira a roupa. Pensa em outra
progressão que a justifique
ali. Essa mulher que, quando
vê, atolou-se em nada. Que
fica como remanescente
desnaturada de atos exauridos. Repentinamente. Só ela,
perdida. E agora nua, lanhando-se dentro da cabine
de fotografia, enquanto um
homem espera para entrar,
impaciente.
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