São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 2000

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ARTES PLÁSTICAS

Exposição, até 31 de janeiro, traz obras de artistas brasileiros

Buenos Aires faz 1ª Bienal Internacional de Arte

JOSÉ ALAN DIAS
DE BUENOS AIRES

Apresentar um panorama da arte contemporânea brasileira a partir da Semana de 22, propor o nem sempre tangível diálogo entre a força intelectual de nomes como Lygia Clark e Hélio Oiticica e a arte popular do Nordeste.
Nesses tópicos está calcada a participação brasileira na 1ª Bienal Internacional de Arte de Buenos Aires. Até 31 de janeiro, a arte brasileira dividirá com os anfitriões o salão principal do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), na capital argentina.
Estarão expostos trabalhos de 160 artistas de 18 países. O diretor da mostra e do MNBA, Jorge Gluzberg, solicitou aos curadores que selecionassem para suas mostras obras marcantes de seus países e elementos novos. O Canadá, por exemplo, está exibindo uma série de imagens de Yosuef Karsch, que ficou conhecido pelas fotos do primeiro-ministro britânico Winston Churchill.
O Brasil optou por montar sua mostra a partir de obras do acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia e do colecionador Gilberto Chateaubriand. Ao todo são 70 trabalhos, entre eles o quadro "Boi na Floresta", de Tarsila do Amaral; "Bicho", escultura em alumínio de Lygia Clark, produzida ainda na década de 60; e peças do também neoconcretista Hélio Oiticica; de Tunga e de Waltércio Caldas. A esses juntaram-se obras de cunho mais popular de Rubem Valentim, Ernesto Neto e do gravurista Gilvan Samico.
"Tomamos como ponto de partida Tarsila, que é o maior nome da arte brasileira no início do século", diz Heitor Reis, curador do MAM da Bahia e responsável pela mostra. "Trabalhamos com a questão da madeira, alusão ao nome do Brasil. Isso está presente nos trabalhos de Paulo Pereira, Sante (Scaldaferri) e Samico."
Além de Argentina e Brasil, entre os países representados estão Alemanha, Israel, Suécia, Espanha, França, EUA e Itália.
Curador da bienal, Jorge Gluzberg afirma que o objetivo da mostra é inserir Buenos Aires como centro de arte contemporânea no Mercosul. "Essa iniciativa pode ser o primeiro passo para ser concretizado um modelo de gestão em que o Brasil está em vantagem", completou, referindo-se ao fato de São Paulo ter organizado sua primeira bienal de artes visuais há mais de meio século e de, no âmbito do Mercosul, cidades como Porto Alegre, que há quatro anos abrigou a Bienal do Mercosul, demonstrarem maior fôlego.
A presença nacional no salão esteve a um passo de ser ofuscada pelo atraso na remessa das obras ao museu argentino. As peças deveriam ter saído de Salvador com destino a Buenos Aires. Mas foram remetidas a Recife e só então enviadas para o aeroporto de Cumbica, em São Paulo.
Sem registro na empresa aérea encarregada do transporte, ficaram quatro dias "desaparecidas". Chegaram ao destino somente na véspera da abertura da bienal.


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