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DVD/LANÇAMENTOS
Chegam ao formato três versões para romance do britânico
Tempo estraga a máquina da ficção de H.G. Wells
CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DO FOLHATEEN
Viajantes do tempo, apertem os cintos! Não é preciso
nem mais sair da cadeira para refazer a aventura imaginada pelo
britânico H.G. Wells (1866-1946)
em sua obra de estréia, "A Máquina do Tempo", de 1895.
Com diferenças de cerca de 20
anos entre cada uma, três versões
do maravilhoso romance de
Wells já existem disponíveis em
DVD no Brasil.
A primeira, dirigida por George
Pal em 1960, é a mais saborosa (e
fiel) a Wells. Na aventura, um
cientista, na última noite do século 19, testa uma engenhoca por ele
inventada, capaz de transportá-lo
pela quarta dimensão, o tempo. A
tradicional especulação prospectiva, marca da ficção-científica,
conduz o aventureiro pelo futuro.
Assim, George (Rod Taylor) vai
verificar que suas expectativas
utópicas deram n'água.
A versão de Pal conserva as
preocupações sociais caras a
Wells. Do mesmo autor, Pal já
produzira a excelente adaptação
de "A Guerra dos Mundos", em
1953. Aqui, ele atualiza suas previsões levando em conta as duas
guerras mundiais e o período
quente da Guerra Fria.
O mais importante é a transformação da utopia em distopia que
o filme preserva da obra de Wells.
Aqui, encontra-se a matriz de tantas e tantas ficções posteriores, de
"Planeta dos Macacos" a "De Volta para o Futuro", de "O Exterminador do Futuro" a "Minority Report - A Nova Lei", sem esquecer a
série "Túnel do Tempo".
A essa mesma linhagem pertence o segundo filme do pacote,
"Um Século em 43 Minutos", dirigida por Nicholas Meyer em 1979.
Não se trata de uma versão do
clássico de Wells, mas de uma releitura a partir dos mesmos traços
anedóticos. Nela, quem viaja no
tempo é Wells, que vai parar na
San Francisco do fim do século 20
em busca de um passageiro insólito: Jack, o Estripador.
Mistura de policial e romance,
"Um Século em 43 Minutos"
guarda uma interessante fidelidade a Wells quando propõe uma
interpretação crítica do seu presente. O filme mostra Wells como
um utopista, pregador do socialismo e do amor livre, que se vê
obrigado a reavaliar seus ideais a
partir da marcha do tempo. Numa das cenas mais eficazes, ele encontra Jack, o Estripador num
quarto de hotel e esse lhe mostra
as cenas corriqueiras de violência
exibidas pela TV. Diante das imagens, Jack convence Wells de que
ele agora vive em um habitat mais
adequado, no qual a violência se
transformou em epidemia.
Já o terceiro filme do pacote, de
2002, é do bisneto do escritor, Simon Wells, que parece não ter
herdado nenhum fiapo do DNA
do bisavô. O esquema da história
é o mesmo, mas a aventura se
contenta com a parafernália dos
efeitos especiais. No pólo oposto
ao de George Pal (que custou, à
época, US$ 800 mil), onde a técnica servia à narrativa, nesta versão
(que teve um orçamento de US$
80 milhões) ela se satisfaz com o
espetacular. A impressão é que
sobraram milhões de dólares,
mas faltou o essencial: talento.
A Máquina do Tempo
Produção: EUA, 1960
Direção: George Pal
Um Século em 43 Minutos
Produção: EUA, 1979
Direção: Nicholas Meyer
A Máquina do Tempo
Produção: EUA, 2002
Direção: Simon Wells
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