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Maestro explora "timing da floresta"
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O maestro Ruriá Duprat responde pela direção musical e pelos arranjos de "Ponte entre os
Povos" e é o encarregado de diminuir as distâncias entre os músicos indígenas e ocidentais.
E tome distância. "Uma das etnias teve de viajar seis dias de barco para chegar a um aeroporto,
onde pegou um vôo de seis horas
até Macapá", lembra Duprat, que
fez os primeiros arranjos no Amapá, onde foi montado um estúdio
móvel para gravar os três discos
que estão sendo lançados hoje.
"Os arranjos foram feitos literalmente nas coxas", conta. "Não em
termos de qualidade, é claro; mas,
para não perder o clima, muitas
vezes eu ouvia uma melodia, punha um papel em cima da perna,
ou recorria a uma lousa, e já preparava o arranjo", conta.
"Levamos ao Amapá os "spallas"
[chefes de naipe] da orquestra,
que foi complementada com músicos de lá. Essa é a orquestra que
foi reconstituída por aqui. A diferença é que tivemos mais tempo
para elaborar os arranjos."
Duprat tem trabalhado com
Marlui Miranda há oito anos, fazendo turnês para a Europa, em
visita a Suíça, Alemanha e Áustria. Não pode ser considerado,
assim, um neófito no tratamento
da música indígena. "Os índios
têm um timing diferente, que é o
timing da floresta", diz. "Eles podem pegar uma música e ficar a
noite inteira em cima dela."
(IFP)
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