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Editoras disputam memórias da atriz
ESPECIAL PARA A FOLHA
"Em Busca da Luz - Memórias
de Dorinha Duval Narradas a
Luiz Carlos Maciel e Maria Luiza
Ocampo" tem uma trajetória tão
polêmica quanto o tema que
aborda. Inicialmente, o livro seria
assinado pelo escritor José Louzeiro, autor da biografia de Elza
Soares, que acabou desistindo
porque a atriz dificilmente dava
entrevistas sobre o crime.
Já nas mãos dos dois novos autores, a obra, que, segundo Luiz
Carlos Maciel -ex-guru do undeground carioca-, se limita a
dar redação final aos depoimentos gravados por Dorinha Duval
em sua própria residência, teve
contrato de lançamento assinado
em outubro de 1997 com a editora
Globo, com sede em São Paulo.
Na época, a empresa antecipou
R$ 10 mil aos autores, pelos direitos de publicação.
Concluído no ano seguinte, o livro teria a primeira prova rejeitada pela Globo.
Atualmente, Luiz Carlos Maciel
negocia com a editora Gryphus,
do Rio de Janeiro, mas a obra ainda promete dar o que falar. "O livro é da editora Globo", diz Wagner Carelli, da diretoria de publicações da empresa, por meio de
sua assessoria de imprensa.
"Está no contrato. Eles tinham
18 meses para publicá-lo e, como
isso não ocorreu, não vou devolver o dinheiro", diz Maciel.
A assessoria de imprensa da
Gryphus, que é um segmento da
editora Forense, especializada em
literatura jurídica, não confirma a
publicação, mas diz que está em
negociações.
Já Lúcia Helena Faria, da assessoria da editora Globo, diz:
"Aguardamos uma nova versão
do original para ser analisado".
O crime
Dividido em pequenos capítulos, "Em Busca da Luz" narra a
trajetória de Dorinha Duval desde
a infância ao assassinato do marido, passando pela glória da vedete
do teatro de revista e o sucesso na
televisão.
Segundo sua narrativa, depois
de apanhar e ser xingada pelo marido, na noite do dia 5 de outubro
de 1980, ela tomou o revólver calibre 32 que Paulo Sérgio guardava
na mesa de cabeceira do casal.
"Apontei a arma e disse que ia
atirar. Ele pareceu não acreditar e
continuou me ameaçando do
mesmo jeito. Me senti acuada.
Como ele mesmo havia me ensinado, mas sem a menor consciência, disparei as balas do revólver
até que enguiçou", conta Dorinha.
"Com o livro, o nosso principal
objetivo é mostrar como Dorinha
deu a volta por cima da tragédia,
graças à vivência religiosa", diz
Luiz Carlos Maciel.
Memória da TV
Hoje Dorinha reconhece que a
televisão brasileira não tem mais
nada da sua época. "As cores de
"O Bem-Amado", por exemplo,
eram carregadas", recorda.
Mas a saudade do veículo permanece, principalmente por meio
dos amigos. Paulo Gracindo, Mário Lago e Francisco Cuoco são
especiais para ela. "Gracindo é
atual em qualquer época, enquanto Cuoco possui uma veia cômica
extraordinária", diz.
Dorinha assiste "O Cravo e a
Rosa", devido à presença da filha
na novela, mas diz que não tem
paciência para acompanhar o gênero diariamente.
"Gosto de novela quando a trama já está bem desenvolvida", revela, tecendo elogios à minissérie
"Os Maias". "Que coisa mais bela,
parece produção européia."
(AM)
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