São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2001

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Editoras disputam memórias da atriz

ESPECIAL PARA A FOLHA

"Em Busca da Luz - Memórias de Dorinha Duval Narradas a Luiz Carlos Maciel e Maria Luiza Ocampo" tem uma trajetória tão polêmica quanto o tema que aborda. Inicialmente, o livro seria assinado pelo escritor José Louzeiro, autor da biografia de Elza Soares, que acabou desistindo porque a atriz dificilmente dava entrevistas sobre o crime.
Já nas mãos dos dois novos autores, a obra, que, segundo Luiz Carlos Maciel -ex-guru do undeground carioca-, se limita a dar redação final aos depoimentos gravados por Dorinha Duval em sua própria residência, teve contrato de lançamento assinado em outubro de 1997 com a editora Globo, com sede em São Paulo. Na época, a empresa antecipou R$ 10 mil aos autores, pelos direitos de publicação.
Concluído no ano seguinte, o livro teria a primeira prova rejeitada pela Globo.
Atualmente, Luiz Carlos Maciel negocia com a editora Gryphus, do Rio de Janeiro, mas a obra ainda promete dar o que falar. "O livro é da editora Globo", diz Wagner Carelli, da diretoria de publicações da empresa, por meio de sua assessoria de imprensa.
"Está no contrato. Eles tinham 18 meses para publicá-lo e, como isso não ocorreu, não vou devolver o dinheiro", diz Maciel.
A assessoria de imprensa da Gryphus, que é um segmento da editora Forense, especializada em literatura jurídica, não confirma a publicação, mas diz que está em negociações.
Já Lúcia Helena Faria, da assessoria da editora Globo, diz: "Aguardamos uma nova versão do original para ser analisado".

O crime
Dividido em pequenos capítulos, "Em Busca da Luz" narra a trajetória de Dorinha Duval desde a infância ao assassinato do marido, passando pela glória da vedete do teatro de revista e o sucesso na televisão.
Segundo sua narrativa, depois de apanhar e ser xingada pelo marido, na noite do dia 5 de outubro de 1980, ela tomou o revólver calibre 32 que Paulo Sérgio guardava na mesa de cabeceira do casal.
"Apontei a arma e disse que ia atirar. Ele pareceu não acreditar e continuou me ameaçando do mesmo jeito. Me senti acuada. Como ele mesmo havia me ensinado, mas sem a menor consciência, disparei as balas do revólver até que enguiçou", conta Dorinha.
"Com o livro, o nosso principal objetivo é mostrar como Dorinha deu a volta por cima da tragédia, graças à vivência religiosa", diz Luiz Carlos Maciel.

Memória da TV
Hoje Dorinha reconhece que a televisão brasileira não tem mais nada da sua época. "As cores de "O Bem-Amado", por exemplo, eram carregadas", recorda.
Mas a saudade do veículo permanece, principalmente por meio dos amigos. Paulo Gracindo, Mário Lago e Francisco Cuoco são especiais para ela. "Gracindo é atual em qualquer época, enquanto Cuoco possui uma veia cômica extraordinária", diz.
Dorinha assiste "O Cravo e a Rosa", devido à presença da filha na novela, mas diz que não tem paciência para acompanhar o gênero diariamente.
"Gosto de novela quando a trama já está bem desenvolvida", revela, tecendo elogios à minissérie "Os Maias". "Que coisa mais bela, parece produção européia." (AM)




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