CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O dia 27 de fevereiro é "conhecido" como o Dia Nacional do Livro Didático. Mas esse segmento editorial não anda assoprando velas e batendo palmas.
Donas da fatia indiscutivelmente maior do universo do livro, as editoras escolares começaram o ano de testa enrugada -e começos de anos, obviamente, são seus filés mignons (as vendas de janeiro a abril representam 80% do faturamento dessas editoras).
Diretor da líder do mercado, a Ática, Alfredo Chianca diz que a projeção do tamanho da diminuição das vendas neste ano ainda não é consenso, mas trabalha-se com queda de 10%.
Chianca vê duas explicações, modus grossus, para isso. Uma, "muito saudável", é "o reaproveitamento do livro cada vez maior". O outro é a adoção de números mais restritos de livros pelas escolas, reflexo da crise.
Wander Soares, presidente da Abrelivros, que congrega editores do setor, diz que as vendas de março serão o fiel da balança. "O Carnaval foi mais cedo este ano. Só nos resta esperar que as vendas cresçam muito em março." Esperar para ver.

BANANA IS MY BUSINESS
Depois de fazer os retratos de Nelson Rodrigues e Garrincha, Ruy Castro vem rebolando para escrever "A" biografia de Carmen Miranda. Para fazer o catatau, que deve sair só em 2005 pela Companhia das Letras, o escritor terá até uma pesquisadora em Hollywood

SUPERÁVIT
Os últimos dias desta semana fizeram crescer a balança comercial de autores estrangeiros para a Bienal do Livro de SP, programada para abril. O Consulado Geral da França paulista anunciou que trará dez escritores, incluindo os ensaístas Michel Maffesoli e Gérard Haddad, e a romancista de origem chinesa Dai Sijie ("Balzac e a Costureirinha Chinesa").

CASA DAS ALIANÇAS
Com uma fileira de estatuetas carecas douradas à vista, o livro "O Senhor dos Anéis", de Tolkien, deve ganhar reedição cinematográfica da Martins Fontes. Um novo volume contendo a obra integral será lançado em menos de 20 dias com foto da terceira aventura de Peter Jackson na capa.

ORELHÃO
Mercado quase nulo no Brasil, o setor do audiolivro anunciou esta semana nos EUA os detalhes de um megaprêmio para a área. Um grupo de cem jurados trabalha atualmente para definir os finalistas do Audie Award, que será entregue em jantar de gala em junho.

MICHELIN
O escritor e tradutor Ivo Barroso acaba de ter o conto "Roteiro Turístico" impresso na boa revista literária francesa "Caravanes", com textos de 32 autores do globo todo (incluindo poema do conterrâneo Augusto dos Anjos).


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FORA DA ESTANTE

O país de "Cidade de Deus" pode até levar alguma estatueta amanhã em LA, mas em termos de bibliografia sobre cinema não levamos nem um Troféu Abacaxi, do saudoso Chacrinha. Em meio aos vácuos, chama a atenção o buraco nas estantes para as obras de James Agee. Verdade que em português temos o romance "Morte na Família", do americano nascido em 1909 e morto em 1955, mas faltam ainda bons bocados -a começar pela área que fez de Agee um insubstituível. Esse escritor do Tennessee formou, junto com Pauline Kael e Dwight Macdonald, uma espécie de Santíssima Trindade da crítica de cinema nos EUA. Além de publicar "Agee on Film", coletânea de artigos do gênero, os editores nacionais poderiam pôr na rotativa o acachapante "Let Us Now Praise Famous Men" ("Vamos Louvar Agora os Homens Famosos"). Clássico da cultura ianque, o trabalho feito a 20 dedos com o grande fotógrafo Walker Evans é tão-somente um relato de uma expedição de ambos pelo sul dos EUA, conversando com agricultores de algodão. Gente simples, como em "City of God", vivendo a violência sem tiros da pobreza.

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