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TVs começam a ver internet como "amiga"
Nos EUA, conversas na web sobre programação favorecem ambas as mídias
Rede possibilita troca de ideias que, para executivos da TV, aumenta audiência; segundo eles, pessoas querem estar interligadas
BRIAN STELTER
DO "NEW YORK TIMES"
Alguém se lembra de quando
se imaginava que a internet fosse acabar com a televisão? Pois
isso não vem acontecendo, a
julgar pelos números de audiência das transmissões de
grandes eventos na TV.
Tudo indica que os Jogos de
Vancouver serão a Olimpíada
de Inverno fora dos EUA mais
assistidas na TV americana
desde 1994; o Super Bowl deste
ano foi o programa de maior
audiência na história do país; e
premiações como o Grammy
vem atraindo grande público.
Muitos executivos da TV
atribuem o ressurgimento da
audiência, em parte, à internet.
Blogs e sites sociais como Facebook e Twitter possibilitam a
troca informal de ideias on-line, incentivando as pessoas a
dividir o tempo entre a tela do
computador e a maior, da TV.
A Nielsen Company, que mede a audiência de televisão e o
tráfego na internet, observou
que uma em cada sete pessoas
que assistiram ao Super Bowl e
à cerimônia de abertura da
Olimpíada estavam navegando
na web ao mesmo tempo.
"A internet é nossa amiga,
não inimiga", disse Leslie
Moonves, executivo-chefe da
CBS Corporation. "As pessoas
querem ficar interligadas."
Às vezes o efeito funciona
mesmo quando o programa
não é ao vivo. Rachel Velonza,
23, de Seattle, sabia que
Johnny Weir tinha perdido na
patinação artística antes de ligar a TV, mas ficou acordada
até tarde, tolerando o atraso da
NBC, pois queria ver com os
próprios olhos o porquê do patinador acabar em sexto lugar.
Ela sabia que todos os seus
amigos faziam o mesmo, já que
falavam disso no Twitter (que
diz ter 50 milhões de posts diários) e no Facebook (que diz ter
tido 400 milhões neste mês).
A NBC diz que os hábitos de
pessoas como Velonza podem
explicar em parte a razão de a
audiência das Olimpíadas ter
subido perceptivelmente. "Elas
querem ter algo a compartilhar", disse Alan Wurtzel, chefe
de pesquisas da emissora.
Se os espectadores não podem assistir à TV na mesma sala, a segunda melhor opção é
estarem juntos em um bate-papo, ou algo assim, na internet.
Foi o que a MTV constatou
durante o último Video Music
Awards: os twitteiros ficaram
eletrizados quando Kanye
West tirou o microfone de Taylor Swift durante discurso que
ela fazia ao ser premiada. A
transmissão alcançou a média
de 9 milhões de espectadores,
maior audiência em seis anos.
Neste ano, a Academia de
Gravação, que entrega o
Grammy, preparou uma campanha digital para divulgar o
evento de premiação. Não à toa,
segundo a Academia, tiveram
audiência 35% maior que no
ano passado.
O efeito evidentemente não
se limita à televisão. Papos on-line podem beneficiar ou prejudicar estreias de filmes e a
aprovação de políticos. Estudos
atuais sobre redes on-line afirmam o que pesquisadores admitem há tempos: as pessoas
procuram companhia de quem
pensa como elas, de quem se
dispõem a serem influenciadas.
Outros fatores contribuem
para o aumento da audiência na
TV, como o crescimento demográfico e a contração econômica -que leva pessoas a passarem mais tempo em casa. Mas o
uso crescente de mídias sociais
está sendo um grande impulso.
Para Wurtzel, a Olimpíada de
Inverno está sendo um laboratório. Até agora, afirmou, está
constatando que as pessoas que
acompanham o evento na TV e
também on-line acabam "assistindo a mais TV".
Empresas de mídia começam
a analisar como aproveitar melhor o efeito "ponto de encontro informal". No caso da Olimpíada, a NBC promove algo
chamado "Você é o jurado", no
qual espectadores podem dar
escores aos patinadores, através da web, e compará-los com
os de outros espectadores.
Nas palavras de Chloe Sladden, do Twitter: "Não consigo
imaginar um grande evento no
futuro no qual o público não seja participante integral", disse.
Tradução de CLARA ALLAIN
A íntegra deste texto saiu no "New York Times"
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