São Paulo, domingo, 28 de fevereiro de 2010

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Jogo quente

De banda indie, o Coldplay transforma-se em um dos mais populares nomes da música pop; grupo se apresenta hoje no Rio e terça no estádio do Morumbi, em SP

Josep Lago - 4.set.09/ France Presse
Chris Martin, vocalista do Coldplay, em show em estádio de Barcelona

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

De pequenos clubes em Camden, no norte de Londres, a palcos gigantescos. O Coldplay tornou-se um nome mega no pop, e o Brasil acompanha o crescimento da banda.
Liderado pelo vocalista Chris Martin, o grupo já se apresentou duas vezes no país. A primeira foi em 2003, em turnê do segundo álbum, "A Rush of Blood to the Head" (2002). A segunda, em 2007, para promover "X&Y" (2005). Em ambas as datas, passaram por casas relativamente pequenas, como o Via Funchal (capacidade: 6.000 pessoas).
Agora, com o álbum "Viva la Vida" (2009) na bagagem, a banda retorna ao Brasil. Mas, desta vez, os shows serão enormes -hoje, na praça da Apoteose, no Rio; terça, no estádio do Morumbi, em São Paulo.
Os shows atuais do Coldplay contam com produção maiúscula: em vez de um telão, eles colocam seis espécies de lâmpadas que transmitem imagens da banda. Elas ainda soltam confetes em formato de borboleta, que se espalham entre o público. Há um palco menor, em que os músicos tocam em formato acústico.
"Tocávamos em locais pequenos, para poucos. Nosso público vem aumentando e aumentando. Hoje, nos sentimos confortáveis tocando em frente a muitos fãs. E para isso precisamos de uma estrutura de palco boa, à altura", disse à Folha o baixista Guy Berryman.
Explica-se toda essa produção. Mesmo em época de crise, a banda ainda é campeã de vendas: "Viva la Vida" já foi comprado por 7,8 milhões de fãs.
O que explica o sucesso do Coldplay, uma banda aparentemente simples, conhecida por criar baladas românticas como "Yellow" e "Fix You"?
"O Chris Martin canta muito, compõe muito, é um artista real, não é nada programado, não é coisa de produtores. A tecnologia banalizou o pop, porque ficou muito fácil gravar, basta um computador. Mas o Coldplay reproduz ao vivo o que faz no estúdio", opina Liminha, um dos principais produtores do pop brasileiro.
Para Rick Bonadio (produtor de Fresno, Ira!), "o segredo deles está nas melodias. Conseguem fazer algo agradável sem ser pop demais. Atingem um público um pouco mais refinado do que o das rádios FM".
Música pop é escape. Nesse sentido cresce o apelo do Coldplay, aponta Dudu Marote (Skank, Pato Fu): "As pessoas gostam do trivial. Um artista estabelecido que faça o feijão com arroz acaba dando certo. Muita gente ouve música como um alívio, e o Coldplay é perfeito nessas situações".
Outra virtude do Coldplay, diz Bonadio, é que eles se comportam como bons rapazes, e não como "bad boys". "Seguem uma tendência no rock. O lance da rebeldia ficou até fora de moda. Por isso agradam ao público das classes A e B."
José Fortes, empresário dos Paralamas do Sucesso, discorda: "Muita gente no rock cria confusão e polêmica e acaba ficando mais popular. O apelo deles vem da música mesmo".
Bons moços, românticos, músicos competentes. São características dos integrantes do Coldplay. E vão ficando populares. O próximo passo da banda é o lançamento do quinto álbum, previsto para sair neste ano. Brian Eno está apoiando o grupo. "Brian está sugerindo ideias, nos ajudando. Será um disco mais acústico, básico", adianta Berryman.


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