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ARTES PLÁSTICAS
Exposição traz trio
que mudou história
da Reportagem Local
Há três gerações de desbravadores da linguagem na exposição
"No Limite da Consciência", sobre
os 50 anos da Organização Mundial da Saúde. Robert Rauschenberg ajudou a abrir caminho para
a pop arte nos anos 50, Sol LeWitt
e Joseph Kosuth forjaram as idéias
centrais da arte conceitual nos
anos 60 e 70 e Ilya Kabakov é um
dos pioneiros da instalação.
Rauschenberg ajudou a mudar o
curso da arte na metade dos anos
50 com suas "pinturas combinadas" (combine-paintings).
O artista minava os limites existentes entre a pintura e a escultura.
Juntava uma serigrafia do presidente Kennedy com uma bandeira
dos EUA. A bandeira não era representada -era a própria. Foi
uma das senhas para a pop arte se
apropriar de objetos do mundo.
Com essas apropriações, Rauschenberg fica a meio caminho entre a pop arte e o dadaísmo de Duchamp, por exemplo, que também
usava objetos já existentes, mas
dava a eles um sentido inesperado.
Era o que Duchamp chamava de
"ready made". Rauschenberg foi
homenageado pela 22ª Bienal Internacional de São Paulo (1994)
com uma sala especial.
A idéia
Sol LeWitt e Joseph Kosuth ajudaram a forjar o conceito segundo
o qual o que importa é a idéia que
move uma obra de arte, não o trabalho que ela exige ou a sua materialidade.
Foi o próprio Kosuth que batizou o que viria a ser um dos mais
importantes movimentos do final
dos anos 60 e início dos 70, com
repercussões em quase tudo que se
faz hoje: a arte conceitual.
Como se fosse um sinal das mudanças que estavam por vir, LeWitt e Kosuth expunham suas
idéias não num manifesto, mas em
textos marcados pelo debate filosófico dos anos 60.
LeWitt criou o termo arte conceitual no texto "Parágrafos sobre
Arte Conceitual", de 1967.
Ali, ele defende a preponderância da idéia sobre a forma e a matéria. LeWitt abomina a idéia do artesão, uma prática herdada da Idade Média sem sentido no mundo
moderno, segundo ele.
Como se fosse um músico, LeWitt cria desenhos-partituras para
outros executarem. Suas obras
mais famosas são as paredes pintadas, como a que criou para a 23ª
Bienal (1996).
Para frisar a efemeridade da obra
de arte, LeWitt destrói seus trabalhos ao final da exposição -manda pintar a parede de branco.
As ruínas
O artista russo Ilya Kabakov trabalha desde os anos 70 com a idéia
de desintegração. Quando o muro
de Berlim caiu, em 1989, ficou
mais claro do que Kabakov estava
falando.
O artista usa móveis, objetos,
pinturas, fotos, slogans e música
para criar seus trabalhos -as instalações, meio hegemônico da arte
nos anos 80 e 90.
Há um discurso político na obra
de Kabakov que, ao contrário da
arte militante dos anos 60, não soterra a poética, mas faz parte dela.
Essa atitude é comum a vários
artistas da mostra da OMS. O chileno Alfredo Jaar, criado sob a ditadura de Pinochet, não tem pudor de colocar fotos de tanques de
guerra em seus trabalhos ao lado
de imagens de plantação de trigo.
A brasileira Adriana Varejão fala
da brutalidade da colonização
mesclando imagens retiradas de
azulejos portugueses com objetos
com assepsia hospitalar.
Alma Suljevic, que vive na Bósnia, constrói suas instalações sobre mapas originais das minas que
continuam ativas após a guerra.
O artista cubano Kcho, que expôs na Bienal de 1994, faz instalações com remos. Usa um objeto
banal para cutucar o poder cubano -suas instalações com remo
são da mesma época das fugas de
cubanos para Miami em barcos
improvisados.
A brasileira Fabiana de Barros já
definiu o trabalho que apresentará
na exposição. Vai realizar performances via Internet, baseadas na
idéia de vulnerabilidade. É um trabalho em construção, sempre. O
público poderá participar da obra
com idéias que poderão ser usadas
na etapa seguinte da exposição.
Fabiana também promoverá foruns de discussão em que ela debaterá a idéia de vulnerabilidade
com críticos, filósofos, músicos e
quem mais ela imaginar. Até pais
de santos serão convidados, segundo ela.
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