São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2000


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Que beleza

France Presse
O quinteto de estatuetas do filme, com o produtor Bruce Cohen, Kevin Spacey, Sam Mendes, o produtor Dan Jinks e o roteirista Alan Ball (da esq. para a dir.)



"Beleza Americana", estréia do diretor teatral inglês Sam Mendes, leva cinco Oscar, marcando revanche do estúdio DreamWorks contra o rival Miramax


CLÁUDIO CASTILHO
especial para a Folha, em Los Angeles

Beleza confirmada. O grande favorito às vésperas da 72ª entrega dos prêmios Oscar teve a mais bela atuação na cerimônia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas realizada na noite de domingo, no Shrine Auditorium, em Los Angeles.
"Beleza Americana", do jovem cineasta inglês Sam Mendes, não somente foi o grande vitorioso da noite, arrebatando cinco das oito estatuetas a que estava concorrendo (melhor filme, diretor, ator, roteiro original e fotografia), como também foi responsável pela grande revanche que Steven Spielberg tanto sonhava contra o co-presidente da Miramax, Harvey Weinstein.
Depois de guardar por um ano a amarga derrota de seu filme "O Resgate do Soldado Ryan" -o favorito de 99-, do estúdio DreamWorks, para a produção da Miramax "Shakespeare Apaixonado", Spielberg deu um belo troco com a vitória de seu representante, "Beleza Americana", contra o segundo filme mais cotado na categoria principal, "Regras da Vida", da rival Miramax.
Se não fosse a derrota de Annette Bening na categoria de melhor atriz para Hilary Swank, de "Meninos Não Choram", "Beleza Americana" teria um motivo a mais para entrar na história: estaria ao lado de "Aconteceu Naquela Noite", "Um Estranho no Ninho" e de "O Silêncio dos Inocentes" como os únicos filmes a receber todos os prêmios nas principais categorias do evento (filme, ator, atriz, diretor e roteiro).
A vitória de Kevin Spacey na categoria de melhor ator, com um show de interpretação no papel de Lester Burnham, um americano em crise de meia idade, em "Beleza Americana", trouxe uma mistura de euforia e surpresa aos mais de 5.000 convidados que lotaram o imponente teatro de estilo marroquino.
"Esse é o momento máximo de meu dia. Só espero que as coisas não entrem em declínio daqui para a frente", brincou o ator, dedicando, em seguida, o prêmio para seu grande mentor.
"Gostaria de oferecer essa vitória ao homem que me inspirou nessa performance. Um homem que tem sido amigo, mentor e que, desde a morte de meu pai, tem sido um pai para mim: Jack Lemmon", concluiu com olhos molhados de emoção.
Esse é o segundo Oscar de Kevin Spacey. O primeiro foi na categoria de melhor ator coadjuvante em "Os Suspeitos", recebido em 1996. Se a vitória de Spacey contra o favorito da noite, Denzel Washington, pode ser uma surpresa, mesmo que relativa, o desempenho de "Matrix", do diretor Andy Wachowski, é que trouxe o maior número de "ohs". O filme foi o segundo mais premiado da festa, arrebatando todas as estatuetas para as quais havia sido indicado: melhor edição, som, efeitos sonoros e efeitos especiais.
Com isso, a superprodução de ficção científica protagonizada por Keanu Reeves venceu a batalha contra outro peso pesado dos efeitos especiais, "Guerra nas Estrelas: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma", de George Lucas.
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Sorriso amarelo
Famosa pelos seus atrasos, a maior festa do cinema americano começou em ponto, às 17h30 (22h30, horário de Brasília). O comediante Billy Cristal, ele de novo (pela sétima vez), logo começou com seus clipes de costumes e piadas previsíveis, como a que tratava do roubo das 55 estatuetas, dias antes da festa. "Faltavam três para serem encontradas", disse, "agora são apenas duas, já que uma estava escondida no turbante de Erykah Badu", brincou.
A noite do Shrine também contou com um momento de grande suspense, o que antecedeu ao anúncio do Oscar de melhor filme estrangeiro. A categoria, que na época do anúncio das indicações estava sendo considerada como a de resultado mais óbvio entre todas, com vitória prevista para "Tudo sobre Minha Mãe", enfrentou na véspera da cerimônia uma onda de rumores que davam conta de uma possível derrota do filme do cineasta Pedro Almodóvar para a produção francesa "Est-Ouest".
Descontração, suspiros, gritos e aplausos invadiram o teatro quando o conteúdo do envelope foi revelado por Antonio Banderas e Penelope Cruz. E Almodóvar, por sua vez, não conteve a alegria -ele já havia sido indicado ao Oscar por seu filme "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos"-, fazendo um discurso que só terminou com a intervenção de Banderas, que tirou o esfuziante cineasta espanhol do palco.


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